domingo, 26 de setembro de 2021

O Prometeu da Poesia - por Wilson Coêlho

 


           O PROMETEU DA POESIA

                                                             Por Wilson Coêlho

 Se para alguns que admiram Geraldo Vandré, principalmente nos versos em que sua canção "Para não dizer que não falei das flores", quando se refere aos que "Pelas ruas marchando indecisos cordões/ Ainda fazem da flor seu mais forte refrão/ E acreditam nas flores vencendo o canhão", a poesia de Artur Gomes, em "Juras Secretas", consegue romper com essa suposta dicotomia e contradição, considerando que ele consegue falar das flores que jorram desse canhão a sua verve poética que explode em flores aos corações e cérebros atentos ao que a poesia tem para dizer.

 Apesar dos versos livres, onde - aparentemente - não tem compromisso com a rima e a métrica, Artur Gomes trabalha com uma metrificação a partir da musicalidade definida pelo fôlego, pela respiração e, sua rima, surge como um processo de associação espontânea onde os finais das palavras dos versos parecem um exercício em que o espírito assopra entre seus dentes a sonoridade que combina as sílabas finais, como um hálito do desespero ou da esperança.

 Nesse sentido, suas rimas não podem ser consideradas pobres e nem ricas, são palavras que se unem por uma sonoridade, que se ajustam ou se contradizem por um sentimento que expõe à confusão, onde os absurdos das ideias rompem as fronteiras da lógica formal, como uma possibilidade de "desafinar o coro dos contentes".

 E por falar em "desafinar o coro dos contentes", essa é uma marca na poesia de Artur Gomes de sua herança anárquica, admiração e influência de Torquato Neto.

 Mas não para por aí, considerando que sua poesia tem muito da rebeldia de Arthur Rimbaud, François Villon e Alfred Jarry e até mesmo de Pier Paolo Pasolini.

 São poemas repletos de eroticidade, revolta e ironia, como um mosaico, sem perder o fio da meada.

 Enfim, as "Juras Secretas", de Artur Gomes que, obviamente, são juras na medida em que o poeta se revela, não são nada secretas, tendo em vista que ele se expõe e coloca nos versos suas vísceras em aberto, como um Prometeu acorrentado, oferecendo seu fígado aos abutres de plantão, ao mesmo tempo em que abre seu coração aos que se alimentam da lírica.



 o delírio é a lira do poeta

se o poeta não delira

sua lira não concreta


                                                                                     Artur Gomes

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