terça-feira, 25 de outubro de 2022

a besta do fascismo está no cio

 


Em Campos a besta do fascismo ainda está no cio e a ele dedico estes dois poemas que seguem do livro Suor & Cio – MVPB Edições – 1985. Ambos poderiam estar também nesta 2ª edição do livro Pátria A(r)mada porque são similares aos dois, que fizeram a besta se manifestar esta semana. Aliás em Campos ex-dos Goytacazes essa besta nunca deixou de sair do cio e s por décadas foi parindo seus filhotinhos.

                                                                     

Pátra A(r)mada  

                                                    

bem no centro do universo

te mando um beijo ó amada

enquanto arranco uma espada

do meu peito varonil

espanto todas estrelas

dos berços do eternamente

pra que acorde toda esta gente

deste vasto céu de anil

pois enquanto dorme o gigante

imenso sono profundo

não vê que do outro mundo

robôs te enrabam ó mãe gentil!

 

Brazílica Pereira

 

neste país de fogo & palha

se falta lenha na fornalha

uma mordaz língua não falha

cospe grosso na panela

da imperial tropicanalha

 

não me metam nestes planos

verdes/amarelos

meus dentes vãos armadas

nem foices nem martelos

meus dentes encantados

alvos brancos belos

já estão desenganados

desta sopa de farelos

 

Artur Gomes

Do livro Suor & Cio

MVPB Edições – 1985

https://fulinaimagens.blogspot.com/


segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Ó Pátria A(r)mada Sale Salve!

 




Ó Pátria A(r)mada Salve Salve !

 

A PF perdeu um ótimo momento para testar a excludência de ilicitude tão querida pelo ex-ex-ex atual pano de chão federal Sérgio "Morto". Afinal o sujeito - talvez melian te/vagabundo/marginal fosse um substantivo mais adequado, a julgar por outras centenas de narrativas similares que ouvimos toda hora por aí, nas páginas policiais -  nítidamente resistiu à prisão, reagiu, mandou bala na polícia e todo o quadro onde usualmente a galera, "infelizmente", é obrigada a levar o oponente óbito. Só que o troll horroroso não era preto, pobre ou morador em comunidade e, no fim, foi simplesmente conduzido à detenção. Com o atenuante de uma rendição intermediada por um "padre de festa junina". (Aliás, que bacana, só mesmo uma autoridade eclesiástica de muito gabarito poderia ser parceira um cara "de bem" que age com tanto respeito à ordem e aos "valores" cristãos ) Inclusive, em seu surto despirocado o ogro letal  vociferou várias invocações a Cristo, família, essas paradas de sempre. Sinceramente? Quem cultua esse Cristo aí não precisa de Cramulhão. E quem defende esse conceito de família deve achar o Boko Haram da Nigéria um exemplo de comunidade dos mais elevados valores. Pois é... se você ainda acredita que esse é o grande Brasil moderno, humano, progressista e liberal que vamos "construir" a partir de primeiro de novembro faz o seguinte: fica aqui nele que eu faço questão de ir pros quintos dos infernos, pra dar uma relaxada. Mas olha, fica aqui, hein, não me segue. Desfruta aí a pátria a(r)mada idolatrada que eu me salvo salvo por lá. Pela quantidade de demônio solto aqui em cima, a área lá embaixo deve andar bem sossegada.

 

Juca Filho

 

Tomaram por herói 

um torturador declarado,

um sonegador descarado

e um miliciano condenado;

tudo com o aval do capitão defenestrado.

Exumaram no Brasil

os adeptos da Terra chata,

dizendo que vacina mata,

e que floresta é ouro e prata;

tudo com o aval do canalha aristocrata.

Desacreditaram as lutas

dos povos oprimidos,

dos nativos inauditos

e querem seus direitos suprimidos;

tudo com o aval de um povo convencido.

Hoje chamam-no de mito,

tudo pra ele é ataque,

mas que mito de araque!

Tudo pra ele é grito,

violência e arma;

que o ano que vem,

enfim, nos livre desse carma!

 

André Gandra

domingo, 16 de outubro de 2022

Geleia Geral - Revirando a Tropicália

 



Geleia Geral – Revirando A Tropicália

28 outubro ou nada - 2022 - 19h

Por onde andará Fulinaíma?

 

Elenco:

 

Artur Gomes + Adriano Moura + Aimèe Cisneiro + Aline Portilho + Christina Cruz + Joilson Bessa + Marcella Roza + Marcelo da Rosa + Serginho do Cavaco + Tchello d`Barros  




Mostra Visual de Poesia Brasileira

Poesia em Movimento

 

o delírio

é a lira do poeta

se o poeta não delira

sua lira não profeta

 

leia mais no blog https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


 

QUE PAÍS É ESTE?

Fragmento

 

Universidade Livre de Alvito

(Afonso Romano de Sant'Anna)

 

1

Uma coisa é um país,

outra um ajuntamento.

Uma coisa é um país,

outra um regimento.

Uma coisa é um país,

outra o confinamento.

 

Mas já soube datas, guerras, estátuas

usei caderno “Avante”

— e desfilei de tênis para o ditador.

Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”

e éramos maiores em tudo

— discursando rios e pretensão.

 

Uma coisa é um país,

outra um fingimento.

Uma coisa é um país,

outra um monumento.

Uma coisa é um país,

outra o aviltamento.

 

Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça

em busca da especiosa raiz? ou deveria

parar de ler jornais

e ler anais

como anal

animal

hiena patética

na merda nacional?

 

Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo

comendo o que as traças descomem

procurando

o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso

que nos impeliu a errar aqui?

 

Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos

nacionais, como qualquer santo barroco

a rebuscar

no mofo dos papiros, no bolor

das pias batismais, no bodum das vestes reais

a ver o que se salvou com o tempo

e ao mesmo tempo

– nos trai

 

2

Há 500 anos caçamos índios e operários,

há 500 anos queimamos árvores e hereges,

há 500 anos estupramos livros e mulheres,

há 500 anos sugamos negras e aluguéis.

Há 500 anos dizemos:

 

que o futuro a Deus pertence,

que Deus nasceu na Bahia,

que São Jorge é que é guerreiro,

que do amanhã ninguém sabe,

que conosco ninguém pode,

que quem não pode sacode.

 

Há 500 anos somos pretos de alma branca,

não somos nada violentos,

quem espera sempre alcança

e quem não chora não mama

ou quem tem padrinho vivo

não morre nunca pagão.

 

Há 500 anos propalamos:

este é o país do futuro,

antes tarde do que nunca,

mais vale quem Deus ajuda

e a Europa ainda se curva.

 

Há 500 anos

somos raposas verdes

colhendo uvas com os olhos,

semeamos promessa e vento

com tempestades na boca,

sonhamos a paz da Suécia

com suíças militares,

vendemos siris na estrada

e papagaios em Haia,

nada nada congemina:

a senzalamos casas-grandes

e sobradamos mocambos,

bebemos cachaça e brahma

joaquim silvério e derrama,

a polícia nos dispersa

e o futebol nos conclama,

cantamos salve-rainhas

e salve-se quem puder,

pois Jesus Cristo nos mata

num carnaval de mulatas.

 

Este é um país de síndicos em geral

este é um país de cínicos em geral

este é um país de civis e generais.

Este é o país do descontínuo

onde nada congemina

e somos índios perdidos

na eletrônica oficina

Nada nada congemina:

 

a mão leve do político

com nossa dura rotina,

o salário que nos come e

nossa sede canina,

e a esperança que emparedam

a nossa fé em ruína,

placidez desses santos

e a nossa dor peregrina,

e nesse mundo às avessas

– a cor da noite é obsclara

e a claridez, vespertina.




Fulinaíma MultiProjetos

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/

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