quarta-feira, 20 de outubro de 2021

rio de palavras

 


                 met/áfora 2

 

não me verás lugar algum enquanto os dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos. esse país que atravesso corpo devassado em grito na cara do silêncio na boca dos escravizados eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no asfalto onde os homens de verde/oliva desejavam chumbo sobre nossas palavras. não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.


carioca

 

baby

vamos passear

por São Conrado

pela orla de Ipanema

olhar os dois irmãos

a gente salta pra fora do poema

dá um beijo na Rocinha

e faz amor no Alemão

 

Federico Baudelaire


poética

 

nem todo segredo é secreto

nem todo segredo é guardado

o corpo mesmo dentro dos panos

no espelho é revelado

o amor mesmo quando profano

tem muito mais de sagrado

 

Gigi Mocidade

 

Poética 2

 

bebendo esse tinto chileno

o espírito fica suspenso

o corpo embriagado

mexe com meus instintos

os cinco sentidos intensos

cada qual com o seu desejo

no corpo tudo é segredo

na alma tudo é sagrado

no copo o gosto do beijo

o amor é segredo guardado


geológica

 

porto viejo cavajarro

o barro é vermelho

bandeira cor de sangue

teus olhos de fogo me incendeiam

na estrada de ferro

 

a feiticeira me avisou que viria

a cartomante leu nos búzios

o astrólogo viu o número

da dama nas cartas de tarô

 

porto viejo cavajarro

o barro na sola dos sapatos

o nu espelho me mostra teu retrato

estampado nas paredes da estação

 

o trem das 7 só me chega as 9

os ponteiros do relógio marcam 5

o dia é hoje tenho a sede

que me mata

atravesso a Bolívia

onde tem a cerveja mais barata

 

Artur Gomes Gumes


psicanalítico

 

é natural que eu te deseje

te toque te beije

o meu espírito santo

é um estado aberto

na fronteira com o rio

o cio mora perto

não há mistério em te querer

meu mar - bravio




 

AGORA NÃO SE FALA MAIS

 

Agora não se fala mais

toda palavra guarda uma cilada

e qualquer gesto é o fim

do seu início:

 

Agora não se fala nada

e tudo é transparente em cada forma

qualquer palavra é um gesto

e em sua orla

os pássaros de sempre cantam

nos hospícios.

 

Você não tem que me dizer

o número de mundo deste mundo

não tem que me mostrar

a outra face

face ao fim de tudo:

só tem que me dizer

o nome da república do fundo

o sim do fim

do fim de tudo

e o tem do tempo vindo:

 

não tem que me mostrar

a outra mesma face ao outro mundo

(não se fala. não é permitido:

mudar de idéia. é proibido.

não se permite nunca mais olhares

tensões de cismas crises e outros tempos.

está vetado qualquer movimento

 

Torquato Neto

Os últimos dias de paupéria


antítese/antígona

ou seja lá que nome for

que quer que seja

o preto no azul

o azul no preto

hipotenusa no cateto

cateto na hipotenusa

e os dedos da minha musa

sa(n)grado nos meus dedos


subVersão poÉtica

 

duvido do poeta

que nunca amolou a língua

afiou a faca

atirou a pedra

saltou da ponte

para o outro lado da linguagem

 

duvido do poeta

que nunca escreveu

uma sagaranagem

explodiu a fala

saltou para dentro do abismo

de qualquer palavra

no poço fundo da voragem

 

duvido do poeta

que nunca pensou

 fulinaimagem

nunca foi drummundo

nem mergulhou fundo

em algum corpoema

nunca quebrou a meta

duvido do poeta

que nunca arrombou porta

nem assaltou janela

 

que não entorta a linha reta

não sabe que coisa é ela

a arma branca do poeta

poeta que é poeta

não descreve situações

corta a verborragia dos versinhos

e só escreve subVersões

 

Artur Gomes

poéticas fulinaímicas

www.braziliricapereira.blogspot.com

 

 

Jura Secreta 102

(digitado em Guaxindiba para não esquecer)

 

stella  ainda curuminha

 me seduz

quando caminha

com seus olhos de ninfa

suas mãos de beija-flor

 

o corpo afrodite  bacante

sedenta de ch (u)va

faminta de vinho

com fome de amor

 

nem sei qual o  seu caminho

quando pega o elevador

o bairro

onde ela mora é sânscrito

corcovado

quase um cristo redentor

baco numa banda de rock

tocando beatles na garganta

                      gal a todo vapor



mar à vista

camboinhas

piratininga

itaipu

itacoatiara

mar deságua sal

na minha cara


baby cadelinha

 

devemos não ter pressa

a lâmina acesa

 sob o esterco de vênus

onde me perco mais

me encontro menos

 

de tudo o que não sei

só fere mais quem menos sabe

sabre de mim baioneta estética

cortando os versos do teu descalabro

 

visto uma vaca triste como a tua cara:

estrela cão meu gatilho morro

a poesia é o salto de uma vara

 

disse-me uma vez só

quem não me disse

ferve o olho do tigre

quando plasma

letal a veia no líquido do além

cavalo máquina

meu coração quando engatilho

 

devemos não ter pressa

a lâmina acesa

sob os demônios de eros

onde minto mais

porque não veros

fisto uma festa a mais

que tua vera:

cadela pão meu filho forro

a poesia é o auto de uma fera

 

devemos não ter pressa

a lâmina acesa sob os panos

quem incesta

perfume o odor final

do melodrama

sobras de mim papel e resma

impressão letal

dos meus dedos imprensados

misto uma merda a mais

 que tua garra:

panela estrada grão socorro

a poesia é o fausto de uma farra

 

Artur Gomes

Juras Secretas

www.secretasjuras.blogspot.com



fulinaimicamente

 

do som dessa palavra

nasce uma outra palavra

fulinaimicamente

 

no improviso do repente

do som dessa palavra

nasce uma outra palavra

fulinaimicamente

 

brasileiro sou bicho do mato

brasileiro sou pele de gato

brasileiro mesmo de fato

yauaretê curumim carrapato

 

em rio que tem piranha

jacaré sarta de banda

criolo tô na umbanda

índio fui dentro da oca

meu destino agora traço

dentro da aldeia carioca

 

jackson do pandeiro

federico baudelaire

nas flores do mal me quer

artur rimbaud na festa

de janeiro a fevereiro

itamar da assunção

olha aí zeca baleiro

no olho do mundo

no olho do mundo cão

 

Artur Gomes

www.porradalirica.blogspot.com

 

 

enquanto

na vitrola

rola um reggae

 

sagaranicamente

eu te provoco

toco teu corpo

com meus dedos

mordo tua carne

com meus dentes

 

sagarinicamente

com meus olhos de lince

poeta é o quanto te devoro

e oro pra São Jorge

em seu cavalo andaluz

 

enquanto na vitrola rola um reggae

e nos lençóis da cama rasgo um blues




 assim esc(r)avo

assim escrevo

a

solidão extravasa

teu silêncio

em altas doses de tensão

quando me calo

ou falo

entre sílabas

nas ente linhas

do poema

no teatro

ou no cinema

palavra/som

palavra/gesto

e o resto da metáfora

na mínima pausa

quando só

me deito em folhas

de papel

para escrever

aqui agora

e assim esc(r)avo

e assim escrevo

com o de dentro

e o de fora

no que pintar

entre céu e terra

entre  terra e céu

entre céu e mar

e o olho no infinito

por onde ainda possa navegar


black billy

 

ela tinha um jeito gal

fatal – vapor barato

toda vez que me trepava

as unhas

como um gato

 

cantar era seu dom

chegava a dominar a voz

feito cigarra cigana ébria

vomitando doses dos eu canto

 

uma vez só subiu ao palco

estrela no hotel das prateleiras

companheira de ratos

na pele de insetos

praticando a luz incerta

no auge do apogeu

 

a morte não é muito mais

que um plug elétrico

um grito de guitarra uma centelha

logo assim que ela começa

algo se espelha

na carne inicial de quem morreu

 

Artur Gomes

in fulinaíma sax blues poesia

clicno link para ver o vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=J74YNGAruV4&t=152s

 

fosse alguma estrela de vênus

ou apenas fosse

 uma afrodite de zeus

meus olhos de lince alcançassem

teus olhos dentro dos meus



mesmo em outras galáxias

viajantes de um outro universo

nas asas aladas de um deus



teu corpo me foi prometido

és filha de algum  prometeu


poética 38

para may pasquetti

 

ela me espora

explora o corpo nu

agora e sempre

lambe a pele das palavras

lavras

do meu ser em pelo

em arcozelo

vi teu olho azul

de mar

oceano entrando

gasômetro

cais do porto

no meu corpo dentro

barco em movimento

fato

que descortina

a sina

de amar-te em parte

pela arte

de saber-te musa

que me usa

em febre

pele músculos pela noite

nossa

o que quer que eu possa

quando o corpo clama

toda água ou sangue

mesmo em santa ceia

quando a carne in chamas

          o sangue  está na veia




 As vezes me re-par-to mul-ti-pli-co em 7 alegria noves fora nada tudo é baudelérico federico me dizia leonardo fez 80 afonso 84 na rede somos 3 quando ele vem já somos 4 em temporais escrevo e sangro como boi antes da morte muitas outras já se foram e nem gozaram em 69 se eu me lembrar 64 não posso esquecer 68 era uma noite de maio peguei o trem pra são cristóvão depois avião para brasília quando voltei no espelho dédala estava dentro da tipografia

 

 Artur Gomes

https://www.facebook.com/arturgomespoeta

 


nem sei o porque do sobrenome trocaram o gomes abreu por baudelaire se sou o mestre sala da escola de samba oculta filho de Oxum que não mora no rio(Rio) cachoeiras conheci as que escorrerem entre as coxas das donzelas que lambi em goytacazes em algumas até sangrei pelas areias do farol de são thomé procurei psicanálise mas desisti quando vi que analistas só pensam a transa no divã e o meu abandonei em cada esquina quando criança em meio a roça sonhei com itabira e aos 17 fui pras minas conhecer pedra dourada e os segredos da chacina e por não ser esfaqueado o juiz ficou de fora do corpo da carne do barro do escarro do sopro de deus que já matou 600 mil até agora



Federico Baudelaire

www.fulinaimargem.blogspot.com





Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

www.fulinaimagens.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

live em homenagem a Antônio Cícero

No próximo dia 23 às 16:hs à convite da minha amiga  Renata Barcellos BarcellArtes  estaremos nessa live em homenagem a memória de  Antônio ...