met/áfora 2
não me verás lugar algum enquanto os
dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos. esse país que
atravesso corpo devassado em grito na cara do silêncio na boca dos escravizados
eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no
asfalto onde os homens de verde/oliva desejavam chumbo sobre nossas palavras.
não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o
tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.
carioca
baby
vamos passear
por São Conrado
pela orla de Ipanema
olhar os dois irmãos
a gente salta pra fora do poema
dá um beijo na Rocinha
e faz amor no Alemão
Federico Baudelaire
poética
nem todo segredo é secreto
nem todo segredo é guardado
o corpo mesmo dentro dos panos
no espelho é revelado
o amor mesmo quando profano
tem muito mais de sagrado
Gigi Mocidade
Poética 2
bebendo esse tinto chileno
o espírito fica suspenso
o corpo embriagado
mexe com meus instintos
os cinco sentidos intensos
cada qual com o seu desejo
no corpo tudo é segredo
na alma tudo é sagrado
no copo o gosto do beijo
o amor é segredo guardado
geológica
porto viejo cavajarro
o barro é vermelho
bandeira cor de sangue
teus olhos de fogo me incendeiam
na estrada de ferro
a feiticeira me avisou que viria
a cartomante leu nos búzios
o astrólogo viu o número
da dama nas cartas de tarô
porto viejo cavajarro
o barro na sola dos sapatos
o nu espelho me mostra teu retrato
estampado nas paredes da estação
o trem das 7 só me chega as 9
os ponteiros do relógio marcam 5
o dia é hoje tenho a sede
que me mata
atravesso a Bolívia
onde tem a cerveja mais barata
Artur Gomes Gumes
psicanalítico
é natural que eu te deseje
te toque te beije
o meu espírito santo
é um estado aberto
na fronteira com o rio
o cio mora perto
não há mistério em te querer
meu mar - bravio
AGORA NÃO SE FALA MAIS
Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros
tempos.
está vetado qualquer movimento
Torquato Neto
Os últimos dias de paupéria
antítese/antígona
ou seja lá que nome for
que quer que seja
o preto no azul
o azul no preto
hipotenusa no cateto
cateto na hipotenusa
e os dedos da minha musa
sa(n)grado nos meus dedos
subVersão poÉtica
duvido do poeta
que nunca amolou a língua
afiou a faca
atirou a pedra
saltou da ponte
para o outro lado da linguagem
duvido do poeta
que nunca escreveu
uma sagaranagem
explodiu a fala
saltou para dentro do abismo
de qualquer palavra
no poço fundo da voragem
duvido do poeta
que nunca pensou
fulinaimagem
nunca foi drummundo
nem mergulhou fundo
em algum corpoema
nunca quebrou a meta
duvido do poeta
que nunca arrombou porta
nem assaltou janela
que não entorta a linha reta
não sabe que coisa é ela
a arma branca do poeta
poeta que é poeta
não descreve situações
corta a verborragia dos versinhos
e só escreve subVersões
Artur Gomes
poéticas fulinaímicas
www.braziliricapereira.blogspot.com
Jura Secreta 102
(digitado em Guaxindiba para não
esquecer)
stella ainda curuminha
me seduz
quando caminha
com seus olhos de ninfa
suas mãos de beija-flor
o corpo afrodite bacante
sedenta de ch (u)va
faminta de vinho
com fome de amor
nem sei qual o seu caminho
quando pega o elevador
o bairro
onde ela mora é sânscrito
corcovado
quase um cristo redentor
baco numa banda de rock
tocando beatles na garganta
gal a todo vapor
camboinhas
piratininga
itaipu
itacoatiara
mar deságua sal
na minha cara
baby cadelinha
devemos não ter pressa
a lâmina acesa
sob o esterco de vênus
onde me perco mais
me encontro menos
de tudo o que não sei
só fere mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste como a tua cara:
estrela cão meu gatilho morro
a poesia é o salto de uma vara
disse-me uma vez só
quem não me disse
ferve o olho do tigre
quando plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina
meu coração quando engatilho
devemos não ter pressa
a lâmina acesa
sob os demônios de eros
onde minto mais
porque não veros
fisto uma festa a mais
que tua vera:
cadela pão meu filho forro
a poesia é o auto de uma fera
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos
quem incesta
perfume o odor final
do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal
dos meus dedos imprensados
misto uma merda a mais
que tua garra:
panela estrada grão socorro
a poesia é o fausto de uma farra
Artur Gomes
Juras Secretas
www.secretasjuras.blogspot.com
fulinaimicamente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
brasileiro sou bicho do mato
brasileiro sou pele de gato
brasileiro mesmo de fato
yauaretê curumim carrapato
em rio que tem piranha
jacaré sarta de banda
criolo tô na umbanda
índio fui dentro da oca
meu destino agora traço
dentro da aldeia carioca
jackson do pandeiro
federico baudelaire
nas flores do mal me quer
artur rimbaud na festa
de janeiro a fevereiro
itamar da assunção
olha aí zeca baleiro
no olho do mundo
no olho do mundo cão
Artur Gomes
www.porradalirica.blogspot.com
enquanto
na vitrola
rola um reggae
sagaranicamente
eu te provoco
toco teu corpo
com meus dedos
mordo tua carne
com meus dentes
sagarinicamente
com meus olhos de lince
poeta é o quanto te devoro
e oro pra São Jorge
em seu cavalo andaluz
enquanto na vitrola rola um reggae
e nos lençóis da cama rasgo um blues
assim escrevo
a
solidão extravasa
teu silêncio
em altas doses de tensão
quando me calo
ou falo
entre sílabas
nas ente linhas
do poema
no teatro
ou no cinema
palavra/som
palavra/gesto
e o resto da metáfora
na mínima pausa
quando só
me deito em folhas
de papel
para escrever
aqui agora
e assim esc(r)avo
e assim escrevo
com o de dentro
e o de fora
no que pintar
entre céu e terra
entre terra e céu
entre céu e mar
e o olho no infinito
por onde ainda possa navegar
black billy
ela tinha um jeito gal
fatal – vapor barato
toda vez que me trepava
as unhas
como um gato
cantar era seu dom
chegava a dominar a voz
feito cigarra cigana ébria
vomitando doses dos eu canto
uma vez só subiu ao palco
estrela no hotel das prateleiras
companheira de ratos
na pele de insetos
praticando a luz incerta
no auge do apogeu
a morte não é muito mais
que um plug elétrico
um grito de guitarra uma centelha
logo assim que ela começa
algo se espelha
na carne inicial de quem morreu
Artur Gomes
in fulinaíma sax blues poesia
clicno link para ver o vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=J74YNGAruV4&t=152s
fosse alguma estrela de vênus
ou apenas fosse
uma afrodite de zeus
meus olhos de lince alcançassem
teus olhos dentro dos meus
mesmo em outras galáxias
viajantes de um outro universo
nas asas aladas de um deus
teu corpo me foi prometido
és filha de algum prometeu
poética 38
para may pasquetti
ela me espora
explora o corpo nu
agora e sempre
lambe a pele das palavras
lavras
do meu ser em pelo
em arcozelo
vi teu olho azul
de mar
oceano entrando
gasômetro
cais do porto
no meu corpo dentro
barco em movimento
fato
que descortina
a sina
de amar-te em parte
pela arte
de saber-te musa
que me usa
em febre
pele músculos pela noite
nossa
o que quer que eu possa
quando o corpo clama
toda água ou sangue
mesmo em santa ceia
quando a carne in chamas
o sangue está na veia
https://www.facebook.com/arturgomespoeta
Federico Baudelaire
www.fulinaimargem.blogspot.com
Artur Gomes
FULINAIMICAMENTE
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