isadora agora é também neta
quem diria que um dia eu teria
esse poema em linha reta
Poética 100
desconstruir os objetivos fascistas
eis a questão
missão diária de cada um de nós
poetas
quando sabemos que a linha torta
é muito mais
que um poema em linha reta
Aqui,
nada de qualquer semelhança
e mera coincidência.
tudo é oque sempre existiu:
real, místico
satírico, é a pimenta social
na carne de boi de cada um de vós.
aqui,
nada de mistérios e metáforas
verdade e mentiras
por detrás dos panos
o boi vale sempre quando pesa
aqui, só tem validade
o que cheira à gado,
o que pode ser medido como percepção para a realidade basta sacar os fatos
o momento, a história
e se não perceberem a direção dos seus caminhos atentem pois para o comício na hora cósmica do boi
Federico DuBoi
7 de setembro – 1986
Couro Cru & Carne Viva –
livro de Artur Gomes - lançado em 1987
poéticas 91
era uma tarde que ainda
me ardia nos poros
e ele veio com o seu
punhal de músculo
me entrando pelas coxas
até a boca do inferno
um palmo abaixo do umbigo
gostei – era tão dócil – tão doce
que o gosto amargo do fel
que ele me trouxe
foi mel na língua
está na boca até agora
Cristina Bezerra
poética 80
pelas juras do sagrado
nos secretos sacramentos
juro que o meu amor o-culto
se esconde no silêncio
o seu eterno juramento
não me fala das pedras
do vale da fala
desconfio que o meu amor o-culto
esconde a sua verdade
com medo da dor que sangra
na ferida da saudade
Artur Gomes Gumes
www.secretasjuras.blogspot.com
a cada poema
o desejo oculto na metáfora
come a palavra corpo
no corpo da palavra
tempo de silêncio
tempo bom
ouve-se o íntimo do som
em mim amoras
no pomar da minha casa
meu corpo incêndio
no barril é pólvora
a carne em chamas
no esqueleto brasa
o fogo acende
os pavios entorpecidos
e o instinto volta
a fazer parte dos sentidos
poética 78
agora eu não estou atentando
agora eu estou violando
os padrões de segurança do face
essa grande putaria
o meu deleite nada fica por fazer
até mesmo masturbar a hipocrisia
poética
enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas
para desfrutar teu cio
e santificar teu ócio
a selva amazônica perde
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto-serras assassinas
do agro-negócio
Federika Lispector
www.porradalirica.blogspot.com
moinhos de vento
por tanto tempo
por tanta escrita
por tanta carta
sem respostas
nossos moinhos de vento
muito além da mesa posta
ainda trago em mim
tuas mãos
tuas coxas
tuas costas
a tua língua
entre os dentes
em ex-camas que não tivemos
em madrugadas expostas
e tua fome era tanta
em tudo o que não fizemos
nesse teu corpo de santa
naquele tempo de bestas
na caretice de bostas
Artur Gomes
www.brazilicapereira.blogspot.com
A Traição Do Lirismo
Artur Gomes feito gume, é máquina devoradora do mundo. Mastiga coisas, afetos, pessoas, rumina e afia os elementos em sua navalha verbal e os transforma na mais pura poesia. Dono de uma criatividade em permanente ebulição, hábil no verbo e da disposição visual do mesmo no espaço suporte – papel ou pano – bandeira a gotejar palavra que, não raro, é também palco e gesto, (in)cenação a complementar e enriquecer o que a palavra muda já disse, a dizer outra coisa que é também a mesma coisa: poesia.
Poeta em tempo integral, como poucos ousaram ser, Artur Gomes constrói, sem pressa (os anos não parecem pesar – na carne nem no espírito) a sua delirante e criativa poesia, colagem da colagem, (re)encarnação mais do que perfeita da antropofagia como nem mesmo o velho Serafim sonhou.
Nada, absolutamente nada escapa à sua devastadora e permanente passagem, andarilho de poderosa voz a evangelizar para a poesia. Este BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas é a continuação de um enredo de há muito ensaiado. Seus atrevidos personagens já apareciam em 20 Poemas Com Gosto De JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor De Campos. Legítimas apropriações retiradas de suas viagens brasílicas, figuras que a sua generosidade literária faz questão de homenagear.
Na passarela poética de Artur, tanto podem desfilar Mallarmè, Faustino, Dalí, Oswald, Baudelaire, Drummond, Pound, Ana Cristina César e o sempre lembrado Uilcon Pereira, a quem o novo livro é dedicado, como personagens anônimas encontradas nas quebradas do mundaréu, além dos amigos, objeto constante de sua poesia. Neste caldeirão, “olho gótico TVendo”, entra até um despudorado acróstico, rimas milionárias, em permanente celebração. O poeta Artur, disfarçado de concreto, celebra descaradamente a amizade e o lirismo e ri-se de quem tenta classificá-lo.
Evoé, Artur
Dalila Teles Veras
BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas
Alpharrabio Edições –
Santo André-SP – 2000
www.brazilicapereira.blogspot.com
Mostra Cine Vídeo Meio Ambiente
22 100 Anos Depois – Curtas 5 Minutos
Aguardem chamada para participação –
Prevista para junho de 2022
Curadoria : Artur Gomes e Júnior Vaccari
caranguejo
filmado no Manguezal de Guaxindiba
São Francisco do Itabapoana-RJ
quem tem sangue na veia
nem guaiamum nem caranguejo
mas também sente essa dor
na saliva do desejo
em tua língua meu amor
e que a lama desse mangue
possa parir alguma flor
Artur Gomes
FULINAÍMA MultiProjetos
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Studio Fulinaíma Produção Audiovisual
Kino3
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Artur Gomes
FULINAIMAGEM
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