quinta-feira, 21 de outubro de 2021

a mãe de eros que pariu

 



a mulher do tempo

linda felina de fellini

que omeu olho felino

descobriu

 

extasiado me pergunto

:

quem foi o grande zeus

que inventou

ou foi a mãe de eros

que pariu



Federika Bezerra :

A Porta Bandeira

Que BorTou Olivácio Doido

 

Em mil novecentos e vinte e cinco

na noite de orgias satanazes

um raio de trovão incandescente

rachou a igreja em Goytacazes

 

um vulto do despacho então desceu

movido por farol de grande luz

tocou na pedra quebrou cruz

a Rainha do Fogo dessa gente

 

Federika de ouro azul e prata

na porta da igreja foi parida

criada pelo Padre Olivácio

que logo depois lançou na vida

 

aos cindo de idade encantada

foi pega masturbando em sacristia

por causa de um sonho com o príncipe

DuBoi da mais sagrada putaria

 

Expulsa da cidade foi pra longe

cresceu entre os jardins de JardiNÓpolis

mas se você pergunta Freud Explica:

- o seu palácio agora é em Petrópolis

 

Aos dezenove plena de alegria

conheceu Gigi da Bateria

na porta do Beco de Satã

na festa federal do Bar da Lama

a Deusa dos Lençóis de toda cama

sorrindo para ver como é que fica

dá um corte na história inverte o drama

e transforma Ouro Preto em Vila Rica

 

e assim vamos cantar em verso e prosa

a saga dessa Deusa Iansã

que em busca da mordida na maçã

sonhava encontrar Guimarães Rosa

 

Viemos do SerTão para os seus braços

porque a Mocidade Independente

é a mais fina e pura Flor do Lácio

afilhada do secular Padre Miguel

e fiel ao seu pai Padre Olivácio

 

e para completar a grande roda

trazemos o cacique Pau BraZil

o centenário Oswald de Andrade

filho da paulicéia que pariu!

 

Passando pelas bandas do Catete

dançando na maior intensidade

macumba com o índio brasileiro

nossa Ex-Cola campeã da liberdade

Federika engravidou o grafiteiro

do famoso cacete Samaral

que escrevia pelos muros da cidade:

Mocidade já ganhou o Carnaval!

 

e assim vamos cantar na grande roda

tudo o que deu e o que não deu

o dia que um presidente collorido

pensou ser pai de santo e se fudeu!

 

Artur Gomes Gumes

O homem com a flor na boca

www.arturfulinaima.blogspot.com




O Homem Com A Flor Na Boca

                                      Baudelíricas Baudeléricas


o poema um beijo em tua boca bruna tem um B entranhado entre as coxas a pele das amoras gemem quando venta forte em tuas fêmeas  hoje comi duas nessa manhã incendiária quando vim da cacomanga trouxe nos bolsos da calça remendada linha carretel cola de trigo cerol bambu papel de pipa pique bandeira pique esconde jabuti preá da índia pés de abóboras replantáveis o pé de abacate ainda não nasceu Isadora chegou ontem 30 de março numa tarde outono à sol aberto noite gelada frio na medula maya ainda escreve sobre depressão no tempo falks may abriu as asas pra malásia e a outra mora do outro lado em outra terra rio grande muito longe tenho sede


Federico Baudelaire

https://www.facebook.com/federicoduboi

 

 duas rosas vermelhas

em mim significam

tudo aquilo que o oculto

ainda me diz

metáfora lírica que me vem

dos olhos dela

a flor mais bela

que me pinta em aquarela

no engenho do encantado

e

me visita na janela

quando  meu sonho é acordado




 experimentar

o experimental

da poesia ao Audiovisual

 

pele grafia

 

meus lábios em teus ouvidos

flechas netuno cupido

a faca na língua a língua na faca

a febre em patas de vaca

as unhas sujas de Lorca

cebola pré sal com pimenta

tempero sabre de fogo

na tua língua com coentro

qualquer paixão re/invento

 

o corpo/mar quando agita

na preamar arrebenta

espuma esperma semeia

sementes letra por letra

na bruma branca da areia

sem pensar qualquer sentido

grafito em teu corpo despido

poemas na lua cheia

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com

 

viagens insanas ao coração do mato dentro

visite curta compartilhe com os amigos

https://www.youtube.com/user/cabanagaivotas/videos




                                                     dédalos

para Alberto Bresciani

e o seu magnífico Hidroavião

 

O poeta pesca peixes

na floresta de concreto

lâminas de cimento

 

há séculos

não está pra peixe este mar

aqui redes em pânico

pescam esqueletos no ar

 

linhas de naylon

degolam tartarugas

que morrem náufragas

na av. atlântica

 

o poeta cata os cacos que restaram

desta pátria desossada

 

Artur Gomes

https://www.facebook.com/ohomemcomaflornaboca



A Traição das Metáforas

 

nesta última segunda tive um encontro rápido com Adriano Moura em Campos para entregar-lhe o livro O Poeta Enquanto Coisa, do meu pai Artur Gomes. Conversa vai conversa vem ele me disse: - estou me deliciando com a leitura de O Homem Com A Flor Na Boca, o prefácio já está quase pronto, falta penas uma revisão. 

e continuou: - Seu pai é louco, essa coisa de ficar inventando personagens femininos, no fundo é vontade de ser mulher. 

Verdade, no fundo todo homem gostaria de ser mulher. Eu se fosse, seria das mais vadias, e iria ensinar pra DarMares como é trepar na goiabeira, ia dar pra torto e a direito, mas só para os homens que eu escolhesse, ia ser de todos e ao mesmo tempo de ninguém.

 Lembrei-me até de uma música do meu querido amigo Carlos Careqa Eu Não Sou Filho de Ninguém. 

Meu pai tem lá os seus motivos para a criação dos seus personagens femininos, mas eu não sei quais, quando ele me criou Gigi já existia, Federika, Lady Gumes, Macabeia também. O único que ele criou depois de mim foi Rúbia Querubim, que acho deve ser filha dos seus Retalhos Imortais do SerAfim. 

Aí só quem pode esclarecer isso verdadeiramente é Silvia Passarelli, Dalila Teles Veras, César Augusto Carvalho, Fil Buc, Flora Buchaul, os primeiros porque são amigas e amigos dele lá dos tempos de BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, e os dois últimos porque são também filhos dele mais velhos que eu. Acho também que essa criação se deve muito ao convívio dele com Uilcon Pereira, que eu não conheci, mas quem o conheceu diz que foi um mestre em criar personagens. 

Com quem  tenho contato mais de perto mesmo é com Gigi, e pedindo o voto de todos para me tornar o Bispo da Igreja Universal do Reino de Zeus, dia 31 de dezembro, porque só assim Gigi se entregará aos meus braços famintos de prazer.

 

Federico Baudelaire

www.braziliricapereira.blogspot.com




                                         lavra palavra

 

cine vídeo com poema de Artur Gomes

do livro Juras Secretas filmado no sítio histórico de São Pedro de Alcântara – Bom Jesus do Itabapoana-RJ – que esta semana dedico a minha querida amiga Simone Bacelar pelo belíssimo trabalho que fez com a minha produção poética  para o seu maravilhoso projeto LêPoesia

câmera: Fabíola Gomes

 edição: Federico Baudelaire

clic no link para ver o vídeo

https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1761159630645616



Retórica 67

com os dentes cravados na memória

 

No dia 21 de maio de 1967, por obrigação de "servir à pátria" fui apresentado ao Quartel de Cavalaria de Guarda - Dragões da Independência, na época situado na esquina das ruas Pedro II com Figueira de Melo, em São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro.

 A primeira coisa que ouvimos da boca do então coronel, João Batista de Oliveira Figueiredo, numa na manhã de 22 de maio, é que estávamos ali para aprender "lições de guerra", e “ajudar o país a se livrar dos comunistas” que estavam invadindo o brasil.

 Logo de cara, fomos apresentados a 3 lições de guerra: educação moral e física, equitação e exercícios com tiro de mosquetão. Mosquetão era um fuzil primitivo, que só atirava com uma bala, e quando disparava se o cabo não estivesse muito bem acoplado ao corpo, poderia até deslocar a clavícula, devido ao forte coice que dava para trás.

 Na educação física, não tive muitas dificuldades, pois havia passado 4 anos fazendo o curso ginasial na Escola Técnica de Campos, onde a prática de educação física era bem puxada, eu ainda fazia atletismo, corrida de 800 metros e jogava futebol de salão. Tinha um corpo físico bem preparado para as aprendizagens de guerra.

 Na equitação também não encontrei problemas, pois nasci e fui criado numa fazenda, onde cavalgar era um exercício praticamente diário. Além das cavalgadas dentro do próprio quartel, muitas vezes éramos deslocados até a Quinta da Boa Vista, para praticarmos uma equitação entre diversos obstáculos, como por exemplo uma corrida de velocidade que fazíamos dentro de uma espécie de pântano, que foi preparado pelo quartel dentro da Quinta com essa finalidade.

 Em dezembro de 1967, fomos levados para Brasília, para trabalhar de graça para o exército no término da construção do quartel, que ainda não havia sido construída. Foi feita uma espécie de triagem entre nós "soldados", no sentido de descobrir as habilidades funcionais de cada um. E assim foi descoberto, entre nós, pedreiros, carpinteiros, pintores de carros e de paredes, cozinheiros, mecânicos, motoristas, lanterneiros.

 Eu não me enquadrava em nenhuma dessas funções, tinha duas outras: Linotipista que aprendi na Oficina de Tipografia da Escola Técnica de Campos, quando de 1961 a 1964 fiz o Curso Ginasial, e, datilografia que aprendi no escritório da Cia Cerâmica Cacomanga, na fazenda em que nasci, e nesse escritório trabalhei dos 16 aos 18 anos, até a véspera de embarcar para o Rio de Janeiro.

 Em Brasília passei então a ser o datilógrafo, do gabinete do sargento Ramirez, um gaúcho simpático que conseguiu fazer amizade com a maioria dos soldados do seu esquadrão. Em maio de 1968, depois de um ano exato, veio a nossa baixa. E pela manhã fomos todos chamados ao gabinete do coronel João Batista de Oliveira Fiqueiredo, para pegarmos os nossos certificados de reservista.

 Quando ele me viu, perguntou: "você não quer continuar no exército para fazer carreira militar"? De imediato me veio a mente, as medalhas que até hoje trago nas canelas, resultado dos bicos das botinadas que levei, nas formaturas, por estar com as barbas mal feitas ou o uniforme mal passado.

 Respondi então: não senhor, gosto de cavalos, pois nasci numa fazenda, e sei lidar com eles muito bem, mas gosto mais de gente. Ele me entregou o certificado com a cara amarrada, e comentou: "nós ainda vamos acabar com esses comunistas".

 Pois bem, logo voltei ao meu torrão natal, em maio de 1968, e em julho deste mesmo ano fui contratado para substituir o linotipista da já então Escola Técnica Federal de Campos, que havia se aposentado. No início dos anos 1970, comecei dentro da Oficina de Tipografia da ETFC, comecei a publicar meus primeiros atentados poéticos.

  Logo depois começaram minhas travessias para a Música em 1974 e para o Teatro em 1975. Toda repressão que havia sofrido naquele período de 67 a 68, começava então a explodir no inconsciente e transbordando da língua para a fala. Em 1985, portanto, 18 anos depois publico este poema no livro Suor & Cio.

 

cacomanga

 

ali nasci

minha infância

era só canaviais

ali mesmo aprendi

a conhecer os donos de fazenda

e a odiar os generais.

 E nesses 53 anos passados, o que mudou nesse país? Muitas vezes penso que o comunismo deve ser um super-herói, um mito, um cara da pesada, porque os milicos continuam até hoje querendo derrotá-lo, e cagam de medo dele.

 Eu, hoje vivo aqui cuidando da minha Estação 353, das minhas plantações de aipim, manga, amora, laranja, mamão, pitanga, pinha, acerola, cana caiana, siriguela, banana, limão, jabuticaba, saião, alfavaca e tomatinho e hortelã. Molhar, capinar, plantar minha tarefa todo dia para o corpo e mente sã. E como bom comunista que sou, rogo a Zeus que chova logo, para que o milharal cresça verdinho, porque não sabemos até quando teremos pão para o café do amanhã.

 E eles? continuam armados e mal(amados) a caçar os comunistas e a querer comprar deus e o mundo para proteger seus crimes de estelionato eleitoral, contaminados pelo fascismo, homofobismo, racismo, neo nazismo, feito vermes agindo para a proliferação do vírus dessa pandemia.

 

Artur Gomes

o homem com a flor na boca - livro inédito




 Artur Gomes

FULINAIMAGEM

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Fulinaíma MultiProjetos

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(22)99815-1268 – whatsapp

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