domingo, 10 de outubro de 2021

poesia proibida

 


                 pátria a(r)mada

 

só me queira assim caçado

mestiço vadio latino

leão feroz cão danado

perturbando o teu destino

 

só me queira enfeitiçado

veloz macio felino

em pelo nu depravado

em tua cama sol à pino

 

só me queira encapetado

profanando aqueles hinos

malandro moleque safado

depravando os teus meninos

 

só me queira desalmado

cão algoz e assassino

duplamente descarado

quando escrevo e não assino

 

Artur Gomes

Fulinaíma MultiProjetos

portalfulinaima@gmail.com

(22) 99815-12668 – whatsapp

Pária A(r)mada

www.porradalirica.blogspot.com

 

 clic no link para ver o vídeo

filmado na lagoa doce

https://www.youtube.com/watch?v=ojbGSgdTLhI&t=44s




 assim que ela me veio

tirei o freio dos pedais

https://www.facebook.com/rubiaquerubim/

 

mulher de nuvens

para Micaela Albertini

 

fosse eu uma mulher de nuvens

não estaria aqui presa

a este mar nas marés

suor ou cio

 

passaria com o vento

sem deixar rastros vestígios

pegadas

 

voaria sobre estradas

sem destino porto

ou cais

 

viajar mesmo sem

nenhum conforto

ou calmaria nas partidas

ventania nas chegadas

 

Rúbia Querubim

https://www.facebook.com/rubiaquerubim/




 

Poesia Proibida

É um curta de Jiddu Saldanha em parceria com Artur Gomes, para o seu projeto Cinema Possível. A parceria dos dois começou em 2007, quando Artur Gomes voltou de Brasília com uma pequena câmera cannon de 5 mega pixels comprada numa feira na periferia do distrito federal. A partir daí começaram os delírios audiovisuais dessa parceria inusitada entre um mímico e um poeta.

 Poesia Proibida começou a ser filmado em Cabo Frio, naquele mesmo ano de 2007, e as primeiras aventuras da dupla: mímico/poeta foram podemos assim dizer hilárias, que já assistiu os delírios em TROPICALIRISMO sabe do que estou falando.

 Poesia Proibida, tem cenas filmadas em Cabo Frio, Lapa, e Parque das Ruínas, num domingo de Rock e Poesia, com diversas participações inusitadas como as de Fil Buc (filho de Artur Gomes), May Pasquetti, Marisa Vieira, Margareth Bravo e muitas outras.


CARNE PROIBIDA

 

o preço atual

proíbes que me comas

 

mas pra ti estou de graça

pra ti não tenho preço

 

sou eu quem me ofereço

a ti: músculo & osso

 

leva-me à boca

e completa o teu almoço


 O título : Poesia Proibida, com certeza vem do poema Carne Proibida, do livro Suor & Cio de 1985, um dos poemas de Artur Gomes, que Jiddu Saldanha gosta de falar. O Proibido na obra poética de Artur Gomes, vem desde a décadas de 70/80 quando ainda linotipista na então Escola Técnica Federal de Campos, teve diversas de suas peças proibidas de ser encenadas com os estudantes da ETFC que ele cooptava para o início da sua trajetória com Teatro.

 

Federika Lispector

www.fulinaimargem.blogspot.com

 clic no link para ver o vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=63qIA7bdWV0



Jura Secreta 35

                                         pontal.foto.grafia 

Aqui,  
redes em pânico pescam 
esqueletos no mar 
- esquadras - descobrimento 
espinhas de peixe convento - 
cabrálias esperas relento - 
escamas secas no prato 
e um cheiro podre no 
AR 

caranguejos explodem

mangues em pólvora 
Ovo de Colombo quebrado 
areia branca inferno livre 
Rimbaud - África virgem 
carne na cruz dos escombros 
trapos balançam varais 
telhados bóiam nas ondas 
tijolos afundando náufragos 
último suspiro da bomba 
na boca incerta da barra 
esgoto fétido do mundo 
grafando lentes na marra 
imagens daqui saqueadas 

Jerusalém pagã visitada 
- Atafona.Pontal.Grussaí - 
as crianças são testemunhas: 
Jesus Cristo não passou por aqui 

Miles Davis fisgou na agulha 

Oscar no foco de palha 
cobra de vidro sangue na fagulha 
carne de peixe maracangalha 
que mar eu bebo na telha 
que a minha língua não tralha? 

penúltima dose de pólvora 
palmeira subindo a maralha 
punhal trincheira na trilha 
cortando o pano a navalha 

- fatal daqui Pernambuco 
Atafona.Pontal. Grussaí - 
as crianças são testemunhas : 
Mallarmé passou por aqui. 

bebo teu fato em fogo 
punhal na ova do bar 
palhoças ao sol fevereiro 
aluga-se teu brejo no mar 
o preço nem Deus nem sabre 
sementes de bagre no porto 
a porca no sujo quintal 
plástico de lixo nos mangues 
que mar eu bebo afinal? 

 

clic no link para ver o vídeo

filmado na lagoa doce

https://www.youtube.com/watch?v=ojbGSgdTLhI&t=44s

 

 Jura secreta 56

 

 ainda que fosse viagem

de metrô ou fantasia
e o assunto que eu mais queria
fosse o que não dissesse

e o mar apenas trouxesse
gaivotas sobre os cabelos
vento sol maresia
e o líquido que não bebemos
fosse conhac ou cerveja

mesmo assim a vida seja
entre o que os pelos lateja
o que a tua boca não fala
o que a tua língua não prova
e a prova das dezessete
te levasse mais cedo

inda assim não tenha medo
a palavra entre meus dedos
é o que ainda não disse
miragem essa coisa nova
agora revisitada
naquela hora marcada
de tudo o que não fizemos

 

Jura secreta 57

meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico prumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste

como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em prumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece

 

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux - 2018

www.secretasjuras.blogspot.com




 

Artur Gomes

FULINAIMAGEM

www.fulinaimagens.blogspot.com

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