A poesia pulsa
para
Tanussi Cardoso e Ademir Antônio Bacca
aqui
a poesia pulsa
na veia
no vinho
no peito
no pulso
na pele
nos nervos
nos músculos
nos ossos
posso falar o que sinto
posso sentir o que posso
aqui
a poesia pulsa
nas coisas
nos códigos
nos signos
os significantes
os significados
aqui
a poesia pulsa
na pele da minha blusa
na íris dos olhos da minha musa
toda vez que ela me usa
nas iguarias de Bento
quando trampo mais não troco
quando troco mas não trapo
nas pipas
nos vinhedos nos arcos
nas madrugadas dos bares
sampleando
bolero in blues
rasgado num
guardanapo
o poema pra Juliana
escrito na cama do quarto
no copo de vinho
na boca de Vênus
na bola da vez da sinuca
sangrada pelo meu taco
aqui
a poesia pulsa
nos cabelos brancos da barba
nas gargalhadas de Bacca
na divina língua de Baco
Artur
Gomes
poema escrito em Bento Gonçalves-RS -outubro de
2015 e publicado no livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
Congresso Brasileiro de Poesia
Em setembro de 1990 eu estava na cidade Paulista de Registro, participando do Encontro: Brasil Cultura & Resistência, evento organizado pela UBE-SP. Depois dos afazeres dia, me recolhi ao quarto do Hotel e enquanto escrevia o poema EntreDentes, inspirado em uma piracicabana que havia conhecido durante o dia, ouço batidas na porta. Era Ademir Antônio Bacca, que me presenteava com alguns exemplares da Coletânea Poesia do Brasil, e me convidava para a primeira edição do Congresso Brasileiro de Poesia que iria ser realizado em Nova Prata-RS.
Minha agenda de trabalho não me permitiu ir as duas primeiras edições do evento em Nova Prata. Em 1996 o Congresso Brasileiro de Poesia passa a ser realizado em Bento Gonçalves-RS, e lá estava eu pela primeira vez, e nem poderia imaginar que dali cresceria uma amizade que me permitiu durante os 20 anos de evento realizado em Bento até 2016, a propor e criar ações com poesia multilinguagens que me abriria percepções que mantenho na minha escrita até os dias atuais.
O Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves, foi aos pocuos se transformando na maior festa da poesia brasileira contemporânea e latino americana. Um encontro de poetas de múltiplas línguas e linguagens, que se revezavam, em performances, nas Escolas, nas praças, no saguão da prefeitura, no próprio hotel onde ficávamos hospedados, nos hospitais e no hospício.
Sem dúvida, Ademir Antônio Bacca, é um dos maiores promotores da poesia no Brasil e o Congresso Brasileiro de Poesia, foi em sua trajetória aos poucos se tornando a grande Balbúrdia Poética. E essa maravilhosa ideia do Jiddu Saldanha em homenageá-lo nesse e-book tem todo o meu apoio e aplauso.
Olga Savary - poeta, poetisa não
No blog Mostra Visual de Poesia Brasileira, estamos prestando uma homenagem a memória e a poesia de Olga Savary, por toda a sua luta em favor da poesia no Brasil. Fomos vizinhos de 1983 a 1987, quando morei no final da Rua Gomes Carneiro e início da Visconde de Pirajá em Ipanema e ela na Sá Ferreira em Copacabana.
Foram incontáveis as madrugadas que varamos saboreando vinhos e conversando sobre tudo que diz respeito a poesia. Inúmeras vezes fomos juntos aos ensaios da Mangueira, sua grande paixão. O Carnaval de 1984 assistimos pela TV em seu apartamento, jogando baralho até o raiar dia.
Gratidão eterna.
Aceita-se contribuições
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Em 1984 poemas meus foram publicados na Antologia Carne Viva, organizada por Olga Savary, considerada a primeira Antologia de poesia erótica publicada no Brasil, com a presença de poetas como Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant´Anna.
Carne Proibida
o preço atual
proíbes que me comas
mas pra ti
estou de graça
pra ti
não tenho preço
sou eu quem me ofereço
a ti
músculo & osso
leva-me à boca
e completa o teu almoço
Artur Gomes
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Federika Lispector
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chegou
agosto
mês
dos cachorros loucos
sabemos
não são poucos
não
sou Leminski
mas
também sou
minha
rolerfllex já fotografou
no
bordel da quinta
tudo
desandou
o
que me importa
se
atrás da porta
ela
me espera nua
pra
viajar pra lua
ou
nem sei pra onde
a
filha do visconde
se
enfiou no bonde
desbundou
para mauá
saiu
dos trilhos
foi
parar no palco
da
pornofonia quem diria
terminou no Irajá
Artur
Gomes
Da
Nascente A Foz : Um Rio de Palavras
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Sua poesia metalinguística, plástica, furiosa, delicada, passional, corporal, sexual, desbocada, invasiva, libertária, corrosiva, visceral, abusada, dissonante, épica é, antes de tudo, a poesia do livre desejo e do desejo livre. Nela, não há espaço para o silêncio: é berro, uivo, canto e dor. Pulsão. Textura de vida.
Uma poesia que arde (em) seu rio de palavras.
Tanussi
Cardoso – em SagaraNAgens Fulinaímicas
isa
sobreviveu
enchente
um
rio passou
na
porta da frente
da sua casa
beijou
um girassol
de
van gog
nas
pontas dos seus cabelos
no
colo do seu vestido
um
peixe azul colorido
isa
mar sempre viva
carne
fogo brasa
pele
de luz acesa
nas
plumas de suas asas
se
dá adeus me arrasa
embora
não apareça
me
deixa sem pé sem cabeça
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Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras
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II Festival Cine Vídeo Poesia
Studio
Fulinaíma Produção Audiovisual
Fulinaíma
MultiProjetos – Kino3
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Juras secretas em alta voltagem
Por Krishnamurti Góes dos Anjos
O ator, produtor,
videomaker e agitador cultural que é Artur Gomes acaba de
lançar “Juras secretas”, reunião de 100 poemas a maior parte deles
sobejando a temática do amor visto na perspectiva de paixão avassaladora. Mas
há também, aqui e ali a presença, sempre em perspectiva ousada e radical, de
poemas que vão do doce e suave sentido do amor, ao cruel, do libidinoso, à
poesia de cunho social sempre expressando indignação, desobediência e
transgressão. Com efeito o homem é uma metralhadora giratória a espalhar e
espelhar aquilo, que nos vai por dentro e que guardamos em “segredo” de
estado. Com a palavra o poeta:
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Fé no Evoé: Confissões dionisíacas na poética e política de
Artur Gomes
Igor Fagundes *
Depois das excitadas e excitantes Juras
secretas, de 2018, o poeta e artista multimídia Artur Gomes volta
a tornar pública sua jura de amor e fidelidade ao arcaico deus Dionísio
em O poeta enquanto coisa, de 2020, incorporando as ébrias forças
de Baco sob novos goles e ritos, tão poéticos quanto políticos, numa
contemporaneidade que avança em lama e vertigem e, assim, exige a potência do
mítico da palavra corpórea e originária.
Comparece ao ethos deste livro a
mesma embriaguez fulinaímica de sempre: a que toma, mediante o
delírio atento frente aos passos obtusos do ser e estar das gentes, cada
palavra como taça, vinho tinto e uma tinta capaz de, em contrapartida, rogar
lúcida a passagem dilacerada do humano pelas páginas turvas do mundo.
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por um poema
que desconcerte
entorte
desconforte
arrombe a porta
dos céus
da tua boca
arranhe os dentes
da loba
arrebanhe os cordeiros
no pasto
e lhes ensine
a subverter
as ordens do pastor
assumo o risco
não sou demo
nem corisco
eu sou cantor
Iansã é quem
me lava
Oxossi é quem me leva
Ogum é quem me manda
Oxum é quem me guarda
eu sou o que invoca
o que provoca
e incorpora
desconcentra
desconforta
desconstrói
e desconcerta
eu sou o que interpreta representa
o que inventa
e desafora
o Anjo Torto
graças a Zeus
a pedra e ao Machado de Xangô
a Capitã do Mato Caipora
me xinga de poeta enganador
mal sabe ela
que eu sou da reza
que o homem que se preza
nunca se escraviza
com chicote de feitor
Artur Gomes
Do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
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Poética, política e memória
Escrever prefácio para um livro de Artur Gomes é um desafio
prazeroso. Desafiante é mergulhar no universo imagético e político que sempre
compôs sua poética. Este O Homem Com A Flor Na Boca : Deus
Não Joga Dados acrescenta o substrato memorialístico
ao seu repertório formando a tríade que sustenta o livro temática e
formalmente. Meu primeiro contato com a poesia de Artur se deu nos anos 80 por
intermédio de seu livro Suor & Cio, obra cuja
temática estava em consonância com as reflexões suscitadas pelas “comemorações” do
centenário da Abolição da Escravatura em 1988. A partir daí, acompanhei suas
criações tanto impressas quanto performáticas, pois Artur não
é poeta apenas de livros e silêncios das salas de estares, livrarias e
bibliotecas, mas também dos bares, ruas e praças que são do poeta como o céu é
do condor.
Poucos poetas contemporâneos expressam tão bem as principais
bandeiras do Modernismo de 22 quanto esse vate pós-moderno. Sua poesia é
política, antropofágica, nonsense, musical, polifônica e sobretudo
intertextual, além de dotada de uma brasilidade corrosiva, avessa ao
nacionalismo acrítico que se tem espraiado pela ex-terra de “Santa cruz”.
Neste livro estão todas essas marcas do poeta às quais acrescento
o caráter memorialístico. Nele, Artur não apenas rememora antigos poemas por
meio de alusões, paráfrases e paródias como traz para seus versos passagens
assumidamente biográficas, se apropriando, em alguns momentos, do gênero
diário.
Estão contidos nessas memórias seus vários heterônimos: Gigi
Mocidade, Federico Baudelaire, EuGênio Mallarmè, Federika Bezerra, Federika
Lispector. Diferente do que ocorre com o poeta português Fernando Pessoa, a
heteronímia em Artur não se manifesta menos na autoria do que no tecido
ficcional. Suas diferentes personas emergem dos poemas para a realidade das
redes sociais, interagem entre si, com o poeta e os leitores.
É Gigi Mocidade, por exemplo, que carrega a bandeira do espírito
subversivo com seu grito “Irreverência ou morte”, já nas primeiras
páginas do livro, e a epígrafe de Federico Baudelaire “escrevo para não
morrer antes da morte” anuncia a intenção memorialística. Sócrates, no
seu diálogo com Fedro na obra de Platão, argumenta que a escrita seria a morte
da memória, mas o que seria de todo o repertório literário não fosse essa
invenção humana? Quais mentes suportariam tantos signos produtores de imagens
cujos sentidos transcendem às vezes a razão? A escrita não se tornou a morte da
memória, mas impossibilitou a morte dos poetas eternizados nas páginas dos
livros e memórias dos leitores.
poema 10
meus caninos
já foram
místicos
simbolistas
sócio
políticos
sensuais
eróticos
mordendo
alguma história
agora estão
famintos
cravados na
memória
Nesses oito versos, o autor nos apresenta metalinguisticamente seu
percurso poético até este livro que não é uma obra dedicada ao passado. O
presente político do Brasil (des) norteia o poeta que não deixa de atacar com
sua lira de peçonha os problemas que nunca deixaram de afligir estas paragens
desde o suposto grito de Cabral.
poema 12
tem algo de
errado
nessas
estatísticas de mortes
dessa
pandemia
multipliquem
60.000 X 10
e ainda não
vai ser exato
o número de
cadáveres
empilhados
nos campos de concentração
que dá um
nome ao país
que ainda
nem era uma nação
A verve
surrealista do poeta se manifesta principalmente nos poemas narrativos
protagonizados por personagens intertextuais como “macabea” (alusão evidente à
conhecida protagonista de A hora da estrela de Clarice
Lispector) e alter egos – lady gumes – parodísticos do próprio autor.
Em FULINAIMAGEM 14 o tom de diário se instaura
com inscrição de data do acontecimento rememorado e transborda na escrita de si
em que se revela o papel que a poesia e o teatro desempenham na escritura de
seu trajeto como autor: “a minha relação poesia teatro poesia é visceral
vital para o que escrevo como quem encena a necessidade do corpo como
expressão”. Artur Gomes, este homem com a flor na boca, anda a espalhar
o veneno agridoce de sua poesia, numa obra em que não há fronteiras entre o
artista, o cidadão, o personagem, o eu poético, a obra. Seu livro não é um
objeto, mas um produto interno e nada bruto. A obra é sempre muito maior que o
livro, pois este, matéria assim como o homem, finda. A obra, esse totem que se
pode cultuar no altar da memória, está sempre presente. E é disso que o poeta
fala: do tempo presente, do homem presente, da vida presente. Parafraseando
Drummond, com O Homem Com A Flor Na Boca, “não
nos afastemos, não nos afastemos muito”, vamos de mãos dadas com a poesia de
Artur.
Adriano Carlos Moura
Professor de Literatura – IFFluminense, Campos dos Goytacazes-RJ –
Poeta, Ator, Dramaturgo
Zé Limeira a primeira cartilha que estudei na tapera antes da
terceira série primária quando me encontrei com Amália embaixo da bananeira quero
aprender a nadar na montanha da mina geral pegar a nau pra Portugal ir parar em
Blumenau atrás da filha do conde que se afogou no matagal lendo o vampiro catatau
que encontrou na geladeira
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Da Nascente
A Foz : Um Rio De Palavras
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convidei alguns amigos, que já tenham lido pelo menos um livro meu para me fazerem duas perguntas sobre o livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim, que pretendo lançar em 2025. As perguntas estão chegando cada uma mais instigante e criativa que a outra. O texto que surgir desses diálogos será publicado como prefácio.
Artur Gomes
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tem dias moro
no coração da palavra
noutros dá vontade
de lhe cortar os pulsos
tem dias basta um impulso
pra aconchegar o poema
noutros só pena
tem dias
alegria encharca a alma
noutros nada dá direito
tem dias
grito explode na garganta
noutros silêncio de criança
tem dias
uma dor absurda
o desejo mudo
de desaparecer
tem dias a loucura
de falar aos borbotões
noutros nada dizer
tem dias
amor sacode o peito
quase tudo dá jeito
Dinovaldo Gillioli
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carnadura
nos anos 90 recebi em um texto de Jommard Muniz de Britto
sobre o portifólio CarNAvalha Gumes,
a palavra carnadura que ficou dançando em pensamento e como bem diz Igor
Fagundes: “pensamento dança. Ela rima com rapadura, formatura, ossatura só não
rima com ditadura. É lá no fundo do poço que extraio tudo o quanto posso.
Carnadura são fibras das nervuras entre/ossos quando berro alto contra tudo que
é desmando no silêncio do desassossego.
filha do conde – a outra
saiu do Irajá pra Madureira
madrugada de sexta-feira
mergulhou na baia do estrangeiro
pensou ser Garota de Ipanena
gritou na porta do cinema
:
“eu sou a outra que Vinícius de Moraes
cantou com Baden Powell
no samba para Ossanha
eu sou estranha
pense o que quiser
não sou Nanã
sou filha de Iansã
um fogo de mulher”.
Artur
Gomes
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TORTURA
Levanta-se o véu e rasga-se a túnica
Os corvos ainda bicam o que restou de ti
Uma dor cicuta que espiral perdura
….tortura…
O teu silêncio cobrado em preço físico
O teu algoz agora também teu karma
Tua voz teu suspiro e teu fantasma
Quem içou o dia e eternizou o cinza
Um Deus raivoso fez habitat às sombras
Tiras o capuz e o que vês? Abismos…
Jagunços a conspirar em cadafalsos
_ Ora Senhor! Não se trata bandidos a bombons!
_ Meus Deus! Meu Deus! Será que vou calabar?
Nunca serás mais o que antes eras
Se o corpo resistiu, o espírito tem chagas
Marcado como gado a ilusão tritura
…..tortura…….
para o
livro Balbúrdia Poética
livro
e manifesto - leia mais no blog
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performance
para
Luis Turiba
na trans-piração
a prova dos nove
onde o poema se comove
no sobrenome do abstrato
bem no fundo
do retrato
as linhas curvas do concreto
nos corredores do mam
que polock lambuzou
no aeroporto do flamengo
que a dona portinho projetou
o ano não sei ao certo
helena nunca me disse
que sua tia arquiteta
amava o
nome poeta
que em teus seios mergulhou
ainda hoje admiro
palavras a qualquer preço
signos a qualquer custo
o nome das coisas um susto
como nos desfiles do samba
o complemento
:
adereço
Artur
Gomes
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da nascente a foz : um rio de palavras
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cataventos
para
Tanussi Cardoso
o rio de palavras
segue a todo vapor
tanussi não é barato
trato ás águas com apreço
palavra inventar custa caro
mesmo assim nunca desisto
aqui mesmo dou exemplo
riomimriodedentro
rio que vem de fora morro
lá muito longe
estando aqui muito perto
vivorionocentro
esquerdo de cada esquina
curva de cada peito
tanussi um dia me lembro
um rio assim sagarana
fulinaímaindainvento
o que antes nunca dito
nas árvores secas do outono
nas hélices dos cataventos
Artur
Gomes
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da nascente a foz : um rio de palavras
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na carne da palavra
nasce o poema
entre
ossos
tudo aquilo que não digo
eu diria
tudo aquilo que não digo
não foi ainda pensado
triturado mastigado consumido
digo
:
preste mais atenção
em tudo aquilo que não digo
me dizia paulo leminski
olhando poema de kandinski
tatuado em meu umbigo
EuGênio Mallarmè
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia serafínica
irina estava vestida de beatriz primeira posava para mais um clássico do surrealismo de magrite no quarto preparava a cama para a chegada de wermer a alta temperatura do verão de sorocaba alterou a visão pictórica do pintor da menina dos brincos de pérola que no jardim enfiava o pincel por entre a espessa barba esperando a primavera lady gumes apressada como sempre se aproveitou da cama e vive uma calorosa noite de amor sem mesmo querer saber quem era a serafina debaixo dos lençóis maranhenses
Pastor de Andrade
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mitologia sagarânica
salvador alisa os bigodes de dali macabea ensandecida morre ali mesmo em sucupira no presídio federal de brazilírica porcina mete a língua na faca de lorca as unhas sujas de irina cortam morangos mofados na fruteira enquanto odorico ordena zeca diabo a organizar o enterro das camélias diadorim sopra o cano da garrucha pendurada em seu olho esquerdo sagarânica em polvorosa comemora mais uma noite de são joão
EuGênio Mallarmè
In Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia fulinaimânica
explicitamente picasso nunca nos disse guernica o que signi-fica o corpo do fonema aliterações alisam a orelha de van gog fartura farta fogo farra festa federico baudelaire tocando fado pras fadinhas de vênus falarem com a fênix do farol de alexandria enquanto freud nem fode nem explica o que aconteceu na sexta feira no luau das laranjeiras depois que federika furtou a farinha do desejo de toda família do império das bananas no largo do machado infeliz das oliveiras
Irina Serafina
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tenho prestado atenção em algumas coisas além da fumaça e do cinza espalhado por sob esse céu de estanho para não dizer de zinco entre um incêndio e outro o pantanal a Amazônia vão se esvaindo em chamas e a vida cada vez mais precária entre os animais humanos onde a ignorância a violência é o saber de muitos e a e a consciência crítica é o saber de poucos
Artur
Gomes
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Artur Gomes – FULINAIMAGENS
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ainda não disse que te amo mas não se assuste o beijo está guardado debaixo dos tecidos que cobrem o esqueleto à flor da pele na carne onde a palavra mora e a lavra aplaca qualquer ferida deixada por alguém que já foi embora
muitas coisas muitas vezes tão distantes me parecem tão presentes que o ausente evapora como éter eternamente simplesmente o rio escorrega por entre pedras e seixos e a vida segue o curso da corrente numa boa a pedra que rola sob o leito d´água muitas vezes voa
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remix fulinaímico
suor & cio revisitado
a quem interessa o poema
na sala escura do cinema
o verso atravessado na garganta
nesse país que não levanta?
entre/aberto
em teus ofícios
é que meu peito de poeta
sangra ao corte das navalhas
minha veia mais aberta
é mais um rio que se espalha
na noite uma estrela
ainda brigava contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam homens indefesos
e meus versos descarados
em teus lábios – presos
gigi em ouro preto
me deu um beijo na boca
quando ouviu
alguém cantando milton
ali em frente no porão
um país incendiado
e o poeta segue sempre
o seu destino em marginalha
o seu caminho em contra-mão
Artur Gomes
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia itabapoânica
itabapoana a pedra submersa nas águas de são francisco hoje voa sobrevoa a lama da planície goytacá se desviando os fungos criados por fezes e urina de ratos e morcegos que habitaram páginas de livros antigos fora e dentro dos arquivos federika bezerra me conta que no período em que se hospedou no hotel amazonas recebeu informações de fontes misteriosas sobre o paradeiro dos tais ratos, morcegos e outros roedores que surgira dos esgotos da velha aldeia tupinambara quando seus integrantes passaram pela intrépida cidade
Gigi Mocidade
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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tudo aquilo que não digo
eu diria
tudo aquilo que não digo
não foi ainda pensado
triturado mastigado consumido
digo
:
preste mais atenção
em tudo aquilo que não digo
me dizia paulo leminski
olhando poema de kandinski
tatuado em meu umbigo
EuGênio Mallarmè
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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tratado primeiro
das letras quero tudo da palavra arranco gesto jiddu não me ensinou a mímica das metáforas ficou tudo suspenso cavalo solto no espaço pra quem quiser galopar
*
laranja cósmica
em são francisco de itabapoana não tem laranja cravo poukan ou mexerica como meus intestinos não vivem mais sem bagaço de laranja estou importando laranja do cosmo com minha astronômica luneta descobri fartura de laranjas em marte vênus plutão e o irônico é que em são francisco do itabapoana só tem laranjas nos telhados não tem laranjas no chão
Federico Baudelaire
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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*
couro cru & carne viva
adriano moura no prefácio de o homem com a flor na boca foca na obra do “bardo da cacomanga” sua poética política e memória. volto um pouco lá atrás ao ano de 1987, para dizer que na obra desse “trovador contemporâneo” sua liberdade criativa provoca, afronta regras, desconstrói linguagens. bota a carnavalha na cara da “louca das minas”, que em seu surto delirante invade o palco da teatro francisco nunes em belo horizonte e grita que: “liberdade não é libertinagem”. sereno e imperativo o serAfim com a “flor na boca” contua a desfolhar sua bandeira no outro lado do palco na tela:
“no centro do universo te mando um beijo ó amada enquanto arranco uma espada do meu peito varonil espanto todas estrelas dos beijos do eternamente pra que acorde toda esta gente deste vasto céu de anil pois enquanto dorme o gigante esplêndido sono profundo não vê que do outro mundo robôs que enrabam ó mãe gentil!
Engels La Puente – do black ryver jardiNÓpolis Batatais
8 setembro – 2024
*
geleia geral
poema para ser cantado/falado nos saraus dos bares por esse brazyl que a tantas eras explode pelos ares
“é preciso estar atento e forte
não temos tempo de temer a morte”
Caetano Veloso
Gilberto Gil cantou
:
começou a circular
o expresso 2 2 2
que parte direto de bonsucesso
pra depois
o tempo rei
aponta a flecha
estica a lança
o velho deus mu dança
subo nesse palco
minha alma cheira talco
como bumbum de bebê
o deus justiça
rola o lance
nos dados sempre seis
poesia não cai do céu
é blues rasgado da carne
para o branco do papel
com um grito de alerta
:
sou o punk da periferia
sou da freguesia do ó
ó aqui pra vocês!
Artur Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
fico nu
o poema muda de cor
tem outros planos
muda a flor
dos meus enganos
pássaro no ar
feito urubu
mitologia fulinaimânica
explicitamente picasso nunca nos disse guernica o que signi-fica o corpo do fonema aliterações alisam a orelha de van gog fartura farta fogo farra festa federico baudelaire tocando fado pras fadinhas de vênus falarem com a fênix do farol de alexandria enquanto freud nem fode nem explica o que aconteceu na sexta feira no luau das laranjeiras depois que federika furtou a farinha do desejo de toda família do império das bananas no largo do machado infeliz das oliveiras
Irina Serafina
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mitologia fulinaimânica 2
cubismo é um objeto estranho
encontrado por uma sereia
nos lençóis do maranhão
em noite d e lua cheia
teria vindo do mar
ou foi criado ali mesmo
naquele chão de areia
onde nenhum rabo de arraia
resistiu a ventania
não pense filme de terror
porque já tem gente por aí
dizendo que este samba é pra você
ó meu amor!
e que eu só escrevo putaria
Pastor de Andrade
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mitologia sagarânica
salvador alisa os bigodes de dali macabea ensandecida morre ali mesmo em sucupira no presídio federal de brazilírica porcina mete a língua na faca de lorca as unhas sujas de irina corta morangos mofados na fruteira odorico ordena zeca diabo a organizar o enterro das camélias diadorim sopra o cano da garrucha pendurada em seu olho esquerdo sagarânica em polvorosa comemora mais uma noite de são joão
EuGênio Mallarmè
In Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia sagarínica
macabea a rainha das artes cínicas insatisfeita com o rumo dos canaviais aliciara presidiários a saltarem os muros do presídio federal de brazilírica federico o carcereiro desconfiou da facada que levaria pelas costas mas o matuto astuto como era invocou nossa senhora das cabeças tortas e rezou uma ladainha com os caramurus dos serAfins convocando eros e vênus para o banquete pornolírico com as descendentes de olivácio e gigi remexendo seus colírios que trouxera atrás dos braços deposita sua iansã por sobre a mesa e despacha macabea pro espaço
Federika Bezerra
mitologia brazilianas
breton mastigava poemas de baudelaire no jantar da quinta da boa vista dois anos depois da independência d pedro não conseguiu engolir abapuru no quartel da realeza leopoldina perambulava distraída e preocupada com as cartas de bonifácio recebeu notícias que em pernambuco havia chegado um ser estranho pintado em cores assombrosas perturbava a calmaria daquele estado de incertezas para os caminhos da imperatriz uma sombra pairava sobre as chaves do seu guarda-roupa sem saber ao menos com que roupa iria desfilar no dia de são cristóvão na confeitaria colombo a sua afrodite de vênus
Federika Lispector
mitologia serafínica
irina estava vestida de beatriz primeira posava para mais um clássico do surrealismo de magrite no quarto preparava a cama para a chegada de wermer a alta temperatura do verão de sorocaba alterou a visão pictórica do pintor da menina dos brincos de pérola que no jardim enfiava o pincel por entre a espessa barba esperando a primavera lady gumes apressada como sempre se aproveitou da cama e vive uma calorosa noite de amor sem mesmo querer saber quem era a serafina debaixo dos lençóis maranhenses
Pastor de Andrade
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Sarau Campos VeraCidade
Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia
mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no que foi o que é e o que pode ser.
Abertura:
Leitura do poema Cidade, de Prata Tavares, por Artur Gomes
Participações:
mesa de bete-papo:
Sylvia Paes + Fernando Rossi + Carol Poesia + Ronaldo Junior
poesia:
Clara Abreu + Jonas Menezes + Valdiney Mendes + Marcelo Perez + Gezebel Mussi
música:
Thais Fajardo + Arnaldo Zeus + Reubes Pess + Renato Braga
teatro infantil:
Grupo GOTA
direção:
Simone Jardim
contação de estória
: Onalita Tavares Benvindo
produção:
Artur Gomes e Clara Abreu
direção: Artur Gomes
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Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos – Uma Nova História
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