Olhe, não peço muito,
somente a tua mão, segurá-la
como um sapinho que dorme tão contente.
Necessito dessa porta que me davas
para entrar em teu mundo, esse bocado
de açúcar verde, de alegria redonda.
Não me emprestas tua mão nesta noite
de fim de ano de corujas roucas?
Não podes, por razões técnicas.
Então a bordo no ar, tecendo cada dedo,
o pêssego sedoso da palma
e o dorso, esse país de árvores azuis.
Assim a tomo e a sustento,
como se disso dependesse
muitíssimo do mundo,
a sucessão das quatro estações,
o canto dos galos, o amor dos homens.
Julio Cortázar, Happy New Year
(tradução de Fabio Malavoglia)
Terra de Santa Cruz ao batizarem-te deram-te o nome pois a tua profissão é abrir-te em camas
quinta-feira, 7 de março de 2024
Julio Cortázar
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