sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

pornofônico confesso


 Pornofônico confesso


se este poema inocente
primitivo natural indecente
em teu pulsar navegante
entrar por tua boca entre dentes
espero que não se zangue
se misturar o meu sangue
em teu pensar quando antropo
por todas bocas do corpo
em letal porno grafia
na sagração da mulher

me diga deusa da orgia
se também tu não me quer
quando em ti lateja/devora
palavra por palavra
a fome por dentro e fora
em pornofonia sonora

me diga Lady Senhora
nestes teus setenta anos
se nunca gozou pelos ânus
me diga Bia de Dora
num plano lítero/estético
qual humano ou cibernético
que te masturba ou te deflora

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa

www.fulinaimargem.blogspot.com


Fricção

quem passou a língua
nas coxas da Caipora?
me pergunta Federico Baudelaire
cheirando as Flores d0 Mal
no Sarau de EuGênio Mallarmè

Gigi então invoca
a Dona Santa Federika
que baixa na mesma hora

- ora bolas fui eu
com minha língua de faca
cortei a cara da vaca
a começar pelas coxas
depois subi pelo corpo
até o buraco da boca
e meti a língua na língua

e na suruba das línguas
a dela mordendo a minha
a minha mordendo a dela
a Arte então se revela
não existe Arte sem língua
nem Teatro sem linguagem
a Arte é uma grande suruba
e o resto mais é paisagem

Cristina Bezerra


 A tentação sou eu


Deito pra lua
só ela p(h)ode como eu quero
penetrar-me com sua luz de fogo
me deleitar com seu leite
eu quero a lua cheia
que me entre o mar das cochas
e me engravide com seu manto
e que não fique algum quebranto
o mal olhado o olho gordo
que me lave com seu líquido
e me leve até São Jorge
com o seu cavalo branco

Gigi Mocidade
 

www.porradalirica.blogspot.com



a Arte que me interessa
é sem mordaça
a muito tempo
minha boca do inferno
perdeu sua cabaça
pelo prazer de gozar
e fazer


Cristina Bezerra


 Poética 86


teu silêncio
pedra na garganta
saliva seca
nessa língua faca
por quê não canta
a dor de cotovelo?

derruba essa parede
que te cerca
desamarra essa corda
que te enforca
rasga essa mortalha
que te mata

 

os lençóis da cama

amanheceram amarrotados

te vejo nas vitrines

frente a janela contra luz

nos olhos  - me mostra

o litoral das costas

mar que não tem fim

 

mergulha que setembro

é outro tempo – o que se foi

já era – as ervas estão crescendo

nos canteiros

morremos de sede

do vinho que não bebemos

e do amor que não fizemos



Gigi Mocidade

www.porradalirica.blogspot.com


o sal que escorre
sobre tuas costas
é mar de esperma
que vai fecundar
entre tuas coxas
mariscos ostras
peixes vários
na explosão das algas

quando o mar do cio

em eclosão atlântica

for comunhão de olgas

e as conchas grávidas

de sereias

parir em seus ouvidos

Federico Baldelaire 


o mestre hoje me deixou sem palavras tive que me fingir de santa quase fiquei de quatro embora lendo as cartas de Rimbaud tive que concordar com ele aos 17 18 anos realmente meu corpo não cabia nos panos

Rúbia Querubim

https://arturfulinaima.blogspot.com/


poética 58

se a negritude ameríndia
do meu canto
lhe causa desconforto
insana criatura
não se assuste com essa química
isso se chama Sagaranagens Fulinaímicas
meu girassol de metáforas
meu caldeirão de misturas

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

www.secretasjuras.blogspot.com


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