Pornofônico confesso
se este poema
inocente
primitivo natural indecente
em teu pulsar navegante
entrar por tua boca entre dentes
espero que não se zangue
se misturar o meu sangue
em teu pensar quando antropo
por todas bocas do corpo
em letal porno grafia
na sagração da mulher
me diga deusa da orgia
se também tu não me quer
quando em ti lateja/devora
palavra por palavra
a fome por dentro e fora
em pornofonia sonora
me diga Lady Senhora
nestes teus setenta anos
se nunca gozou pelos ânus
me diga Bia de Dora
num plano lítero/estético
qual humano ou cibernético
que te masturba ou te deflora
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
www.fulinaimargem.blogspot.com
Fricção
quem passou a língua
nas coxas da Caipora?
me pergunta Federico Baudelaire
cheirando as Flores d0 Mal
no Sarau de EuGênio Mallarmè
Gigi então invoca
a Dona Santa Federika
que baixa na mesma hora
- ora bolas fui eu
com minha língua de faca
cortei a cara da vaca
a começar pelas coxas
depois subi pelo corpo
até o buraco da boca
e meti a língua na língua
e na suruba das línguas
a dela mordendo a minha
a minha mordendo a dela
a Arte então se revela
não existe Arte sem língua
nem Teatro sem linguagem
a Arte é uma grande suruba
e o resto mais é paisagem
Cristina Bezerra
Deito pra lua
só ela p(h)ode como eu quero
penetrar-me com sua luz de fogo
me deleitar com seu leite
eu quero a lua cheia
que me entre o mar das cochas
e me engravide com seu manto
e que não fique algum quebranto
o mal olhado o olho gordo
que me lave com seu líquido
e me leve até São Jorge
com o seu cavalo branco
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
a Arte que me interessa
é sem mordaça
a muito tempo
minha boca do inferno
perdeu sua cabaça
pelo prazer de gozar
e fazer
Cristina Bezerra
teu silêncio
pedra na garganta
saliva seca
nessa língua faca
por quê não canta
a dor de cotovelo?
derruba essa parede
que te cerca
desamarra essa corda
que te enforca
rasga essa mortalha
que te mata
os lençóis da cama
amanheceram amarrotados
te vejo nas vitrines
frente a janela contra luz
nos olhos - me mostra
o litoral das costas
mar que não tem fim
mergulha que setembro
é outro tempo – o que se foi
já era – as ervas estão crescendo
nos canteiros
morremos de sede
do vinho que não bebemos
e do amor que não fizemos
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
o sal que escorre
sobre tuas costas
é mar de esperma
que vai fecundar
entre tuas coxas
mariscos ostras
peixes vários
na explosão das algas
quando o mar do cio
em eclosão atlântica
for comunhão de olgas
e as conchas grávidas
de sereias
parir em seus ouvidos
Federico Baldelaire
o mestre
hoje me deixou sem palavras tive que me fingir de santa quase fiquei de quatro embora lendo as cartas
de Rimbaud tive que concordar com ele aos 17 18 anos realmente meu corpo não
cabia nos panos
Rúbia Querubim
https://arturfulinaima.blogspot.com/
poética 58
se a negritude ameríndia
do meu canto
lhe causa desconforto
insana criatura
não se assuste com essa química
isso se chama Sagaranagens Fulinaímicas
meu girassol de metáforas
meu caldeirão de misturas
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
www.secretasjuras.blogspot.com
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