sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

goytacá boy

 

Goitacá Boy

ando por são paulo meio araraquara
a pele índia do meu corpo

concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na  carne clara

juntei meu goitacá seu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
na sua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar
de sua língua
arco íris litoral como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda lágrima
que mãe chorara

para roçar para cumer para tocar
na sua pele urucum de carne osso
minha língua tara
sonha lamber do seu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão da Guanabara

Artur Gomes
musicado e cantado por Naiman, no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - 2002

clique no link para ver o vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=Y0KKfii2BKY

foto: Rachel Louback





Jura Secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com



Bolero Blue


beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



Macaé
da série: O Litoral Brasileiro

te devassaram Imbitiba
não sobrou nem o Pecado
dos Cavaleiros de outrora
e
a Banda do Boi Capeta
não cantou mais   tua hora

desde a morte de Tancredo
a máscara virou enredo
do carnaval na tua orla

e a coisa que era pública
misturou-se na privada
e aquele Boi com sua manha
na mandinga e na pirraça
nos tempos da Nova República
                já previa essa devassa

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



pássaros

elétricos

vivem a vida

por um fio 




corro para dentro do mato quando preciso a pedra dourada me protege das tragédias do asfalto lá no alto fico bem mais perto do céu e as minas com suas bocas de terra vitaminam meus nerônios na organicidade das verduras

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



o poeta enquanto coisa

Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados

o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética

na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado

Artur Gomes


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