Goitacá Boy
ando por são paulo meio araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de
sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara
juntei meu goitacá seu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
na sua boca caiçara
para falar para lamber para lembrar
de sua língua
arco íris litoral como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda lágrima
que mãe chorara
para roçar para cumer para tocar
na sua pele urucum de carne osso
minha língua tara
sonha lamber do seu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão da Guanabara
Artur Gomes
musicado e cantado por Naiman, no CD Fulinaíma Sax
Blues Poesia - 2002
clique no link para ver o vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=Y0KKfii2BKY
foto: Rachel
Louback
fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
Artur Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com
Bolero Blue
beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
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Macaé
da série: O Litoral Brasileiro
te devassaram Imbitiba
não sobrou nem o Pecado
dos Cavaleiros de outrora
e
a Banda do Boi Capeta
não cantou mais
tua hora
desde a morte de Tancredo
a máscara virou enredo
do carnaval na tua orla
e a coisa que
era pública
misturou-se na privada
e aquele Boi com sua manha
na mandinga e na pirraça
nos tempos da Nova República
já previa essa devassa
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com
pássaros
elétricos
vivem a vida
por um fio
corro para dentro do mato quando preciso a pedra dourada me protege das
tragédias do asfalto lá no alto fico bem mais perto do céu e as minas com suas
bocas de terra vitaminam meus nerônios na organicidade das verduras
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com
o poeta enquanto coisa
Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados
o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética
na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado
Artur Gomes
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