quinta-feira, 7 de abril de 2022

Juras Secretas


Jura secreta 18


te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo

os peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas finas que vestias
sobre os teus pelos ficção

todos os laços dos tecidos
aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
o sabor da tua língua
o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes

e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa



Jura Secreta 37

baby é cadelinha

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de Vênus
onde me perco mais me encontro menos

de tudo o que não sei
só fere mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro

visto uma vaca triste como a tua cara
estrela cão gatilho morro:
a poesia é o salto de um vara

disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina meu coração quando engatilho

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de Eros
onde minto mais porque não veros

fisto uma festa mais que tua vera
cadela pão meu filho forro:
a poesia é o auto de uma fera

devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos quem incesta ?
perfume o odor final do melodrama

sobras de mim papel e resma
impressão letal dos meus dedos imprensados
misto uma merda amais que tua garra
panela estrada grão socorro:
a poesia é o fausto de uma farra

 

Artur Gomes

Juras Secretas – Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com



suspenso
no Ar
não penso
atravesso
o portão da tua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como o pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício

você pensa que escrevo em rua reta ou estrada sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do beijo da esfinge que devora

Artur Gomes
PoÉticas ArturiAnas

www.arturkabrunco.blogspot.com




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