Jura secreta 18
te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo
os peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas finas que vestias
sobre os teus pelos ficção
todos os laços dos tecidos
aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
o sabor da tua língua
o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes
e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa
Jura Secreta 37
baby é cadelinha
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob o esterco de Vênus
onde me perco mais me encontro menos
de tudo o que não sei
só fere mais quem menos sabe
sabre de mim baioneta estética
cortando os versos do teu descalabro
visto uma vaca triste como a tua cara
estrela cão gatilho morro:
a poesia é o salto de um vara
disse-me uma vez só quem não me disse
ferve o olho do tigre enquanto plasma
letal a veia no líquido do além
cavalo máquina meu coração quando engatilho
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os demônios de Eros
onde minto mais porque não veros
fisto uma festa mais que tua vera
cadela pão meu filho forro:
a poesia é o auto de uma fera
devemos não ter pressa
a lâmina acesa sob os panos quem incesta ?
perfume o odor final do melodrama
sobras de mim papel e resma
impressão letal dos meus dedos imprensados
misto uma merda amais que tua garra
panela estrada grão socorro:
a poesia é o fausto de uma farra
Artur
Gomes
Juras Secretas – Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
suspenso
no Ar
não penso
atravesso
o portão da tua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como o pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício
você pensa que escrevo em rua reta ou estrada
sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi
pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro
outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede
dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas
noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando
atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética
estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do
beijo da esfinge que devora
Artur Gomes
PoÉticas ArturiAnas
www.arturkabrunco.blogspot.com
Fulinaima MultiProjetos
Nenhum comentário:
Postar um comentário