quarta-feira, 2 de julho de 2025

Artur Gomes : A Biografia De Um Poeta Absurdo

 Da Cacomanga para o mundo passando pela Tapera Ururaí Lagamar Ibitioca pulando feito pipoca para se equilibrar na corda bamba em terreiros nem sempre de samba quando o jongo e capoeira eram defesa na luta com as  palavras nem sempre amenas pacíficas cordiais muitas vezes tão ásperas que o jeito mesmo era o silêncio para não xingar o próprio vento que apertava o calcanhar na vida nem sempre mar de rosas quase sempre espinhos furando a sola dos sapatos 

Dia 27 agosto – 20h

Carioca Bar – Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17 – Parque São Caetano – Campos dos Goytacazes-RJ

 

Goytacá Boy

 

musicado e cantado por Naiman

no CD fulinaíma sax blues poesia

2002

ando por São Paulo meio Araraquara

a pele índia do meu corpo

concha de sangue em tua veia

sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani

tupy or not tupy

não foi a língua que ouvi

em tua boca caiçara

 

para falar para lamber para lembrar

da sua língua arco íris litoral

como colar de uiara

é que eu choro como a chuva curuminha

mineral da mais profunda

lágrima que mãe chorara

 

para roçar para provar para tocar

na sua pele urucum de carne e osso

a minha língua tara

sonha cumer do teu almoço

e ainda como um doido curuminha

a lamber o chão que restou da Guanabara

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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https://arturgumes.blogspot.com/

Artur Gomes

A bio.grafia de um poeta Absurdo

:

com os dentes cravados na memória

*

cacomanga 


ali nasci 

minha infância era só canaviais

ali mesmo aprendi

a conhecer os donos de fazenda

e odiar os generais 


poema do livro Suor & Cio

MVPB Edições - 1985

* 

Nasci numa madrugada do dia 27 de agosto de 1948 na Fazenda Santa Maria de Cacomanga, nas proximidades da Tapera, à época mapeada como 1º Sub-distrito de Campos dos Goytacazes.

Meus pais: Arthur Ribeiro de Abreu, era o administrador da Fazenda, e a minha mãe: Cinira Gomes, semi/analfabeta cabia a missão de cuidar da casa e da educação dos filhos. Meu pai era bem humorado e divertido, responsável pela organização das grandes festas/juninas que aconteciam na Fazenda.  Já minha mãe era rígida e severa no trato com os filhos.

Tenho cinco irmãos, filhos de pai e mãe: Ana Maria Gomes, Regina Lucia Gomes, Vicente Rafael Gomes e Ricardo Gomes. Tive dois outros irmãos filhos  do meu pai: Francisco Antônio Abreu, com quem convivi até o seu falecimento, e Rubens, que não chegamos a conhecer, pois faleceu com 8 anos de idade, vítima de tétano.

Não cheguei a conhecer meus avós paternos. Mas os maternos sim:  minha avó era chamada de Dona Moça, e nós a chamávamos de Mãe Dindinha, e meu avô chamava Leandro Gomes, morava próximo a nossa casa, trabalhava na capina e era fã de uma boa cachacinha.

Tivemos  uma convivência próxima, com vários primos, que moravam na mesma Fazenda Santa Maria de Cacomanga, filhos da nossa tia Julita, irmã da minha mãe e os sobrinhos filhos do nosso irmão Francisco.

Até os meus 7 anos minha vida era brincar no quintal de casa, com bola de gude, futebol com bola de meia, futebol de grama, soltar pipa, pique/bandeira e pique esconde e amarelinha e como cia tínhamos sempre os primos e sobrinhos e alguns colegas e amigos de infância moradores próximos da nossa casa, que fomos aglutinando durante todo o tempo que permaneci morando na Cacomanga.

Além das atividades brincantes, tínhamos também a ocupação de varrer o quintal, cuidar dos cães, dos porcos(que o meu pai criava para consumo da família), cuidar da pequena hora e do  jardim e a partir da minha criação de preá da índia.

Outras atividades costumeira que tínhamos na infância/adolescência era caçadas, principalmente de preá do mato,  e passarinhos, (rolinhas, quero quero, marreca), além das pescarias de piaba nos rios da Olinda e Ururaí.

Próximo a Cacomanga , além da Tapera, tínhamos também uma  convivência com outras localidade como Olinda, Morro Grande,  Lagoa de Cima, Espinho, Boca do Mato, Ururaí, Lagamar e Ibitioca.

Sempre tive e tenho uma atração pela aterra e  pelo fogo,  depois descobri que essa atração é exercida  também pelo mar desde que o vi pela primeira vez em Atafona, lá pelos idos de 1953.

Em 1955 aos 7 anos de botei fogo no paiol de milho do meu pai. O paiol era uma construção de madeira, o milho seco ali era guardado para alimentar os porcos. O prédio tinha dois andares, e no térreo era guardada a palha seca, que era transformada em adubo orgânico. Esta em cia do meu amigo Ziel, filho de dona Isabel que trabalhava como copeira na casa de Olivier Cruz, o proprietário da Cacomanga. Quando o fogo levantou e começou a atingir o segundo andar, apavorado saltei para o abismo secular da poesia.

Neste mesmo ano de 1955 comecei meus primeiros estudos escolares na Escola Reunida da Tapera, hoje Colégio Estadual Joaquim Atayde, na épocadenominada: Escola Reunida da Tapera.

 Ali estudei até 1957 as 3 séries primárias. Lembro-me que havia apenas uma sala, onde se reunia todos os alunos de cada turno, e a nossa professora se chamava Mercedes. Ali tivemos aulas de Matemática, Português, Ciência e Geografia. 

Como nessa época ainda morava na Cacomanga fazíamos uma longa caminha para pegar o ônibus na Tapera. Em Campos o ponto do ônibus ficava ao lado do Mercado Municipal, onde hoje é o Camelódromo. Não foram poucas vezes que enfrentávamos bravias tempestades nos trajetos de casa até a Tapera, na ida ou na volta muitas vezes noite já fechada, o que tornava o momento mais dramático.

De 1958 a 1960 meus estudos primários foram complementados no Grupo Escolar XV de Novembro, onde comecei as minhas primeiras incursões pela cidade propriamente dita de Campos dos Goytacazes. O colégio estava instalado em um prédio centenário na Praça da República, próximo a Rodoviária Roberto Silveira. Ali além de estudarmos, português, matemática, ciências, geografia, história e educação física, desfrutávamos de um imenso pátio com chão de barro e imensas mangueiras, onde deitávamos e rolávamos em jogos de bola de gude, peladas de futebol e basquete. Em 1960 fui preparado pela saudosa professora Maria Gomes, para o exame de admissão para a Escola Técnica de Campos, onde ingressei no Ginásio Industrial em 1961.


Na ETC cursei o Ginásio Industrial de 1961 a 1964. Ali muitas mudanças começaram a se metamorfosear, primeiro a chegada da adolescência e suas implicações, e a diferença tamanha  das Escolas que tinha estudado até então para aquela que agora começava a fazer parte da minha travessia, principalmente a convivência com os colegas, quase todos com idade bem maior que a minha. O período de estudos era manhã e tarde, além das novidades relacionadas ao esporte, integrados  a cadeira de educação física, futebol de grama, basquete e futebol de salão. Além disso, a integração, ainda se dava na hora do lanche, manhã e tarde, e do almoço. Além da grande novidade: a Banda Marcial, famosa em toda a cidade pelos seus grandes desfiles no dia 7 de setembro, muitas vezes, com ensaios pelas ruas da cidade, que começavam em junho.  Tínhamos ainda cerradas disputas de  tênis de mesa.

Além das matérias normais ao ensino fundamental: português, matemática, ciências, geografia, história, literatura, nos 2 primeiros anos, passávamos por Oficinas de Tipografia, Marcenaria, Sapataria, Alfaiataria, Fundição, Serralharia e Mecânica. No terceiro ano escolhíamos a Oficina que qual gostaríamos de nos especializar, e sair da ETC depois de concluído o Ginásio com um Ofício.

O Ensino Industrial foi criado em 1909, pelo campista então Presidente da República Nilo Peçanha. Campos foi a única cidade na época, sem ser capital a receber uma Escola de Aprendizes Artífices, primeiro nome dado a então ETC (Escola Técnica de Campos.

Desse período de 4 anos de Ginásio Industrial na ETC, muitas lembranças ainda vivas ardendo na memória muitas delas bem humoradas, outra nem tanto.  Acredito que foi nesse período que comecei, a prestar a atenção nos seres humanos, com quem estava convivendo. Cada pequena coisa nesse sentido fui captando, da forma que os professores se comportavam conosco, nas salas de aula, nas Oficinas e fora delas, além dos inspetores de alunos, esse na maioria se tornavam nossos amigos, devido a forma com que lidavam com a situações que nos envolvíamos.

A ETC tinha como Diretor o professor Francisco Pandolfo, e como vive o professor Edmundo Chagas. Dos professores das matérias de humanas, lembro-me de quase todos e todas: Alice Nogueira(português), Alceste Peres Pia(canto), Dulce(matemática), Conceição Ferreira(ciências), Dorâmia(geografia), Antônio Carlos Carvalho(história).

Das Oficinas: Wilson Monteiro, José Leitão, Thierri Pires(tipografia), Rosalvo, Adalberto, Walter Freitas, (marcenaria), José Cruz, Salvador Agminal de Sousa, mais conhecido na cidade por sementinha(sapataria) exímio jogador de sinuca e apostador em corridas de cavalo. Martinho, José Roque(alfaiataria), Agnelo(Fundição), José Fagundes(Seralharia) e Hélio Freitas(Fundição). Esse alguns anos depois se tornou Diretor.  

Em 1963, quando cheguei ao terceiro ano do Ginásio Industrial, sem nem mesmo até hoje definir o porque, escolhi a Oficina de Tipografia (Artes Gráficas) e acabei me tornando Linotipista. Minha primeira profissão. Mesmo desde os 12 anos ter trabalhando como  lavador de peças de automóveis e caminhões na Oficina da Fazenda Cacomanga, para ajudar o meu irmão Francisco. 

O nosso relacionamento com os inspetores: Edmundo Chagas, Élcio Peralva e alguns anos depois Eraldo Ferreira, um ex-aluno, que além de inspetor foi também regente da Banda Marcial, foi sempre divertido. Principalmente com Edmundo Chagas, que comandava as chamas para os lanches e o almoço, de uma forma muito particular com alegria imensa pela missão que desempenha. Tanto el como Eraldo, se tornaram nosso companheiros das cervejadas que pelos bares da cidade, a partir do momento em que a cerveja começou a fazer parte dos momentos de prazer e diversão.

*

Durante todo esse período de 1961 a 1964, dentro da ETC pouco se falava, em política, governos, e questões sociais, não tínhamos informação alguma além do que nos era passado nas salas de aulas e  nas Oficinas. Mas nas aulas de história com o professor Antônio Carlos Carvalho começamos a perceber eu algumas coisa estranha estava acontecendo fora da Escola. Ele era uma figura cômica, que chegava na Escola pedalando, entrava em sala de de aula todos suado, com paletó todo entanguido de suor, tirava do bolso um lenço mais amassado que o paletó, e limpava o rosto, enquanto rezava um padre nosso, ritual cumprido sagradamente todos os dias.

Passamos então a estar no seu calcanhar pela cidade, e na Faculdade de Direito, onde até o ano de 1974, estava sediada no mesmo endereço da Escola Técnica Federal de Campos, na Rua Tenente Coronel Cardoso. Neste ano foi que a ETFC se transferiu para  a Rua Dr. Siqueira, 273 onde hoje é o Campus Centro do Instituto Federal Fluminense. Descobrimos então suas atividades na Igreja Católica Tradicionalista e TFP (Tradição Família Propriedade). 

É dele o momento mais hilário que testemunhei na ETC em 1964. No dia 31 de março ao meio dia, já estávamos na sala, o aguardando para aula de história, ele  chegou da mesma forma como chegava todos os dias, só que um detalhe nos chamou a atenção de imediato.

Depois de enxugar os rosto suado, com o seu lenço todo amarrotado, tirou do bolso do paletó um radinho de pilha, ligado enquanto ele iniciava a aula que era sempre calcada em passagens bíblicas, como ele mesmo gostava de afirmar.

- “e aí Jesus gritou para a serpente”: “porei inimizade entre ti e a mulher, a tua descendência e a descendência dela, e um dia haverá um que te esmagará a cabeça.”

Dito isto colou o ouvido ao radinho de pilha  e de repente soltou um grito:

“meus amigos estamos livres do comunismo”! O exército acabara de consumar o Puta Golpe!

Em 1965 trabalhei como linotipista(minha primeira profissão), no Jornal A Cidade, em Campos dos Goytacazes. A jornada de trabalho estabelecida era das 2oh a 1 da madrugada, mas quase sempre ultrapassava às 5 horas da manhã.

Neste ano, estudei contabilidade na Escola Técnica do Comércio, que era situada na Av. Alberto Torres, acredito que o local hoje é o Bar do Cabeça.

Em 1966 tem início os cursos técnicos a nível de segundo grau na ETFC, Eletrotécnica, Edificações e Mecânica. Eu  ingresso no curso de Eletro. Passo a trabalhar no Escritório da Cerâmica Cacomanga, como aprendiz de escriturário e me alisto para servir o Exército. 

Em 1967 numa noite fatídica, sou atropelado por um caminhão da Cerâmica São Sebastião, na Beira Valão, em frente ao Mercado Municipal de Campos dos Goytacazes-RJ. Fui socorrido por um motorista de uma caminhonete que passava pelo local. Levado para o SAMDU da Rua Saldanha Marinho, sou imediatamente levado para a Santa Casa, onde passo por uma cirurgia que me deixa em coma por 58 dias. 

Mesmo ainda me recuperando, da cirurgia, em maio de 1967 sigo de trem para o Rio de Janeiro servir o exército no Quartel de Cavalaria de Guardas - Dragões da Imdependência, situado na Rua Pedro II esquina com Figueira de Melo, em São Cristóvão, onde permanecemos  até o mês de dezembro daquele mesmo ano.  A passagem por esses 7 meses de quartel no Rio, não foi nada fácil, sofriámos opressão de todas as formas dos oficiais: Tenentes, Capitães, Major e do coronel comandante João Batista de Oliveira Figueiredo. 

Em setembro de 1967, meu pai, Arthur Ribeiro de Abreu, faleceu, e só dois dias depois consegui licença para vir em casa, e acabei não vendo o seu sepultamento. 

Em dezembro deste mesmo ano de 1967, o quartel foi transferido para Brasília, lá a missão foi terminar a construção do Quartel cuja obra estava inacabada. Cada soldado, que permaneceu incorporado trabalhou até maio de 1968 na profissão havia aprendido em sua adolescência. Eu como sabia datilografia fui trabalhar no Escritório do segundo esquadrão, pelotão onde fui lotado.

Como os fundo do quartel dava para o cerrado, e não havia muro, descobrimos uma trilha que ia até Taguatinga, foi a nossa grande válvula de escape para as fugas noturnas até os bares da referida cidade satélite. Dentro do quartel o discurso era um só: éramos os patriotas na missão de salvar o Brasil do comunismo. Triste ilusão.

Durante todo o tempo que permanecei no exército, no Rio, recebia visita do meu primo Antônio Abreu, e muitas vezes passava os finais de semana na casa dele em Deodoro, onde ele mantinha o seu arsenal de Tubos Plásticos, que ele comercializava. E sua intenção era que  quando eu saísse do exército viesse a ser um de seus gerentes de loja.

Em maio de 1968, recebi baixa e viajei de ônibus de Brasília para o Rio, e de lá para Campos para re-ver minha família na Cacomanga. A ideia era matar a saudade de casa e seguir para o Rio para assumir o trabalho de Gerente de alguma loja do meu primo Antônio Abreu, o que a minha mãe era totalmente contra. E eis que, depois de uma semana revivendo a Cacomanga, recebo a visita de um jeep, lotado de colegas do Ginásio Industria da ETC, com um recado do professor José de Oliveira Leitão, que foi quem me ensinou a trabalhar na linotipo, para que eu comparecesse à Escola, para assumir na Tipografia a vaga de linotipista, o que aconteceu em julho de 1968, e até janeiro de 1970, trabalhei na Oficina de Tipografia da ETFC, pelo regime de serviço prestado.

Em primeiro de janeiro de 1970, minha carteira de trabalho foi assinada por Renato Marion de Aquino, o então Diretor da ETFC, sendo regido a partir de então pela CLT. 

  Durante o meu período de atuação como linotipista na tipografia da ETFC, que durou de 1970 a 1986, tive os amigos de trabalho: Edmundo Chagas Filho, Salvador Ferreira, Josias de Souza, Paulo Moura, Thierry Pires e José de Oliveira Leitão tendo como chefe o professor Wilson Monteiro.

Até 1973, os anos  transcorreram em paz, trabalhava intensamente para dar conta do material da Escola que chegava às minha mãos para linotipar, ou de alguma outra instituição da cidade que a Tipografia prestava serviços de impressão. 

Como O Ofício da Escrita Entrou em Minha Vida 

Não sei exatamente quando, em que ano,  comecei a escrever, lembro-me que enquanto servia o exército escrevia carta para os meus familiares. 

Mas sei que durante todos os anos de 1971, 1972 e 1973, o hábito de escrever compulsivamente já me acompanhava, sem ter a mínima noção de estética, domínio ou técnica de  linguagem, fosse verso prosa fosse, o impulso era o de despejar palavras no espaço branco do papel, como quem estivesse desenhando uma porta de saída para a prisão imaginária onde me encontrava. 

E desse transe nasceram os livros : Um Instante no Meu Cérebro, 1973. Mutações em Pré-Juízo, 1975 e Além da Mesa Posta, 1977. Ambos escritos compostos por mim na linotipo e impressos na Tipografia da Escola Técnica Federal de Campos.

Um Instante no Meu Cérebro, ganhou prefácio de Renato Marion de Aquino, o Diretor da ETFC, a primeira pessoa dentro da Escola a incentivar minhas habilidades poéticas. Além de me presentear com o papel para a impressão do livro, ainda ofereceu um belo coquitel no lançamento dia 23 de setembro de 1973. Há 52 anos exatamente. 

Em 1973 o fidelense, Carlos Castilho, um estudante do Curso Técnico de Mecânica na ETFC, musicou um poema meu, e fomos selecionados para um Festival de Música Anti-Drogas em São Fidélis-RJ. 

Em 1974 ganho um outro parceiro  fidelense, Paulo Celso Rodrigues de Araújo - Ciranda, Que musicou o poema Tema de Encontro do livro Um Instante no Meu Cérebro. Ciranda na época estudava no Colégio Salesiano em Campos, o que possibilitou estarmos constantemente envolvidos no ato de compor, algumas parcerias também surgiam quando não estávamos juntos, ele me trazia um canção para letrar, ou eu oferecia uma letra para ser musicada.

E assim nasceu Caminho de Paz, música nossa vencedora do IV Festival de Música de São Fidélis-RJ,  em 1974. Na época eu estava completamente apaixonado pelas músicas do Taiguara, e muitas letras/poemas escrevi ouvindo-o no rádio, pois em casa  na Cacomanga não existia Televisão. A parceria com Paulo Ciranda se consolidou e permanece até os dias atuais. 

Em 1974, depois da nossa vitória no IV Festival de Música de São Fidélis, Antônio Roberto de Góis Cavalcanti - Kapi, produz e dirige o musical Gotas de Suor, realizado no Teatro de Bolso, com a nossa banda A Turma do Campo, que em seu elenco tinha mais dois componentes ligados a ETFC: Deneval Apollinário (baixista), aluno do Curso Técnico de Eletrotécnica, e Maria Inês(fofinha), aluna do Curso Técnico de Edificações(vocalista) e na época minha namorada. Antes do Teatro de Bolso, fizemos uma apresentação no Clube de Regata Campista, logo depois que voltamos do Festival em São Fidélis, a convite do radialista Ismael Luis(Bolinha), foi quando pisei no palco pela primeira vez, falando poesia. 

Em 1975 lanço Mutações Em Pré-Juízo, com prefácio de Marcos Wagner Coutinho, poeta, e professor de Letras na ETFC, nesse livro a minha escrita beirava o simbolismo e o misticismo, já com alguma noção de estética e de linguagem, a técnica e o  domínio já podia ser medido nos versos e na prosa. Por se tratar uma temática aparentemente religiosa, o livro causou um certo incômodo na cidade, principalmente dentro da ETFC, onde a maioria de professores e funcionários pertenciam  a ala tradicional da igreja católica. 

Em 1975 mesmo,  Deneval Siqueira Filho, um ex-aluno do curso técnico de  Edificações da ETFC, adapta textos e poemas de Mutações em Pré-Juízo, e do ainda inédito Além da Mesa Posta para o Teatro, e nasce o espetáculo/drama: Judas - O Resto da Cruz, para espanto ainda maior dos professores e funcionários da Escola Técnica Federal de Campos. 

Não resta nenhuma dúvida, que atuar em Judas - O Resto da Cruz foi o que me levou a encontrar definitivamente a minha vocação  de ator e transformá-la em profissão. Em 1975 mesmo movido por todas as emoções vividas na encenação crio na ETFC a Oficina de Teatro, e monto uma outra versão de Judas - O Resto da Cruz, realizada no SESC, com um elenco formado por estudantes do Curso Técnico de Química da ETFC, direção de Ronaldo Pereira. Acrescento mais textos do livro Além da Mesa Posta, e atuo interpretando o Judas. 

Em 1975 acontece a minha primeira experiência com Teatro do Absurdo, atuo ao lado de Maria Helena Gomes na peça Fando e Lis, de Fernando Arrabal, montagem dirigida por Orávio de Campos Soares, no SESC Campos. Por conta da minha interpretação sádico/dramática,  de Fando, perdi minha namorada Zulmira, sobrinha de Josélia Addad, na época gerente do SESC Campos. 

Em 1975, sou convidado a compor a Comissão Julgadora do Festival de Poesia Falada, em Santa Maria de Madalena-RJ. Onde conheci Eurídice Hespanhol Macedo, a melhor intérprete do Festival. 

Em 1976 arisco o meu primeiro espetáculo de teatro/solo com a montagem de "25 Anos de Sonho & Sangue" no SESC Campos. Inspirado na música Apalo Seco, de Belchior, que ouvia por todos os lugares que estivesse. 

"se você vier me perguntar por onde andei no tempo em que você sonhava de olhos aberto lhe direi amigo eu me desesperava". Apalo Seco, passeava por toda a encenação na trilha sonora, impulsionando a minha interpretação. Quase todo texto da montagem estava focado nos poemas do livro Além da Mesa Posta.

Em 1976, volto a Santa Maria Madalena para apresentação do monólogo: "25 Anos De Sonho & Sangue", a convite do grupo de estudantes que movimentavam arte e cultura .a cidade.  Eurídes era uma das integrantes desse grupo, e depois da apresentação, como já trocávamos uma intensa correspondência, começar um namoro, foi natural e permanecemos namorando até o final de 1977.

Em 1976 Balada Pros Mortais, música em parceria com Paulo Ciranda, vence o Festival de Música de Itaocara-RJ, e posteriormente o Festival Universitário no Rio de Janeiro, promovido pela Universidade SES-Rio, onde o Ciranda cursava Engenharia. 

Em 1977, lanço o livro Além Da Mesa Posta, com textos de apresentação de Celso Cordeiro, um grande jornalista e amigo e de Orávio de Campos Sorares, e  profetiza, que o seguimento da minha obra poÉtica iria se debruçar no sócio/político, questões que ele já vislumbrava mesmo que de forma tímida, no Além Da Mesa Posta.

Em 1997 Ave da Paz, uma música em parceria com Paulo Ciranda, foi finalista no Festival de Música de Itaocara-RJ e atuo interpretando o Arauto, na montagem do "Auto da Vila de São Salvador"  concebida e dirigida por Winston Churchil Rangel, nas escadarias do Ginásio de Esportes da Escola Técnica Federal de Campos. Com esta atuação  estava sacramentada a minha condição de ator na cena campista.

Em 1978 com o poema "Canta Cidade Canta" venci o Festival de Poesia Falada, criado pelo jornalista e poeta Amaro Prata Tavares, realizado no Teatro de Bolso pelo Departamento Municipal de Cultura da Secretaria de Educação de Campos dos Goytacazes-RJ. 

Em 1978 atuo pela primeira vez como Diagramador no Jornal Folha da Manhã, o primeiro jornal com impressão off-set na Região Norte-Fluminense. Além de atuar na diagramação assinava na Folha 2, um coluna sobre música e cultura aos domingos, e produzi várias entrevistas com os músicos do estrelato nacional que se apresentavam na cidade. Uma das melhores entrevistas que fiz, foi com Milton Nascimento, por ocasião do seu show no Grussaí Paia Clube. 

Em 1979, participo da Antologia Ato-5, editada pelo Grupo Uni-Verso, que era composto pelos poetas: Amélia Alves, Joel Mello, Prata Tavares, Eloisa Flac e Luiz Sérgio Azevedo dos Santos. 

O livro fo composto por mim na linotipo e impresso na tipografa da ETFC, a capa com ilustração de Edinho Estrobel, foi impressa em off-set na gráfica Damadá em Itaperuna-RJ, com poesia dos poetas: Antônio Roberto de Góis Cavalcanti-Kapi, Artur Gomes, João Vicente Alvarenga, Orávio de Campos Soares e Prata Tavares.

Nele a profecia de Orávio de Campos, começava a se cumprir e todos os meus poemas inseridos em Ato-5, são de cunho sócio.político como este:

Poema Para O Povo

 Em Tempo de Abertura

quando você descobvrir

que no meu quarto moram

exilados e subversivos

perceberá o perigo que corre

de dormir comigo

numa cama fria de uma "Frei Caneca" 

ou se manda de vez

para  a esquerda de Jesus!


quando nas grades,

paredes e muros descobrir amor,

o povo estará liberto

e poderá seguir: Fidel,

Guevara, Pablo, Neruda ou "Luther King".

- sem precisar pedir esmola - 


basta lembrar que o aborto

da manhã perdida 

é uma menina/nua iconsciente e tesa 


E para o que foi deposto:

mais vale o céu, a estrela,

o mar,

que o punhal ou sabre,

ou mesmo a bomba/besta

que de uma vez arrasa

mas não basta por si só


Pois se os sinais dos templos

ainda não ruíram

é porque alguma coisa ainda existe

por detrás das crenças

ou mesmo desse Deus

em Quem acreditamos.


e para o que foi detido:

mais vale a terra,

o trigo,

o grão,


que a navalha ou corda - 

que amarra prende e corta;

mas não basta.

não reforça

e nem destrói tudo de uma vez.


- porque renasce e continua...


E para a morte:

não é preciso golpes,

nem estrelas,

nem estradas.


e para o povo:

não é preciso o golpe

nem promessas nem palavras

É preciso pão!


Com esse poema no mesmo ano de 1979 venci mais uma vez o Festival de Poesia Falada de Campos e por sua interpretação na Semana de Cultura Popular no SESC da Tijuca Rio, em 198o foi preso pelo Dops e levado para o Batalhão da PM para averiguação. 

Em 1979 ainda, lanço o poema de cordel Jesus Cristo Cortador de Cana. Poema que no final de 1983 ilustra uma matéria de capa, no Suplemento Cultural do DO de São Paulo, sobre a Mostra Visual de Poesia Brasileira, e em 1989 me serve de espinha dorsal para a criação de um espetáculo teatral, sobre o TCC de 9 Estudantes da Escola de Serviço Social da UFF em Campos, sobre pesquisa realizada com mulheres de cortadores de cana, da Usina de Outeiro.

 Em 1980 totalmente mergulhado nas questões sócio/políticas que envolviam o Brasil como um todo,  com as circunstâncias provocadas pelo Golpe de 1964 e os já 20 anos de Ditadura Militar, escrevi o livro O Boi-Pintadinho, com prefácio de Osório Peixoto, o nosso grande mestre da cultura popular em Campos dos Goytacazes-RJ e responsável por minhas participações na Semana de Cultura Popular, criada pelo professor Ivan Cavalcanti Proença, realizadas no SESC da Tijuca Rio, pelo Colégio Metodista Bennett  onde Ivan, era coordenador da matéria Cultura Popular. 


levanta meu boi levanta

que é hora de levantar

acorda boi povo todo

povo e boi tem de lutar


Com a repercussão que o livro imediatamente ganhou  pelo Brasil, montei com os alunos da Oficina de Teatro da ETFC, o Auto do Boi-Pintadinho, espetáculo de Teatro de Rua com o qual balancei as estruturas pela ruas da cidade de Campos dos Goytacazes até 1987. 

sexta-feira, 9 de maio de 2025

terra de santa cruz

terra de santa cruz

I

ao batizarem-te

deram-te o nome:

posto que a tua profissão

é abrir-te em camas

dar-te em ferro

ouro

prata

rios

peixes

minas

mata

deixar que os abutres

devorem-te na carne

o derradeiro verme

 

Artur Gomes

poema dos livros Couro Cru & Carne Viva - 1987

e Pátria A(r)mada - 2022

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CarNAvalha Gumes

 

Escrito nos anos de 1990 este poema hoje no Brasil  é atualíssimo visto esse atual congresso da desordem democrática que o país em hoje. O que será que fizemos nos verões passados para chegarmos a essa situação?

 

neste país de fogo & palavra

se falta lenha na fornalha

uma mordaz língua não falha

cospe grosso na panela

           da imperial tropicanalha

 

não me metam nesses planos

verdes/amarelos

meus dentes vãos  a(r)mados

nem foices nem martelos

meus dentes encarnados

alvos brancos belos

          já estão desenganados

             desta sopa de farelos

 

Artur Gomes

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Balbúrdia PoÉtica 10

Dia 12 de julho

Das 14 às 19h

Casa da Palavra – Santo André-SP

Blog atualizado com poemas de Julio Mendonça e Simone Bacelar

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Jura secreta 34

por que te amo
e amor não tem pele
nome ou sobrenome

não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos

mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo

nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
por que te amo
no sol no sal no mar na neve

Artur Gomes
poema do livro Juras Secretas
Litteralux – 2018

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Lidiane Carvalho Barreto na Balbúrdia PoÉtica 9 falando o poema Itabapoana Pedra Pássaro Poema de Artur Gomes
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ

tabapoana Pedra Pássaro Poema

uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro

em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso

bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito

Artur Gomes
poema do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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choveu pedra em São Francisco do Itabapoana se de gelo ou granizo inda nem sei só depois da apuração da comissão de inquérito instaurada por alguns moradores da localidade  do Macuco saberei.

 

                       Federico Baudelaire

 

cada qual com sua Natureza , pode ser garoa ou correnteza , é o tempo comandando a sua Fortaleza

 

                                       Zhô Bertholini

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 O poeta enquanto coisa


o meu lugar não é aqui
o meu lugar não é ali
o meu lugar é lá

onde garrincha entorta
os laterais esquerdos
dibla até o goleiro
e debaixo da trave
não faz o gol

um desacerto

volta ao meio do campo
para re-começar o desconcerto

Artur Gomes
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*


um brinde a balbúrdia

 

nesta cidade de palha

minha balbúrdia poética

não falha

corta palavra morta

na nervura dessa pedra

na carnadura desse osso

corte grosso de navalha

pra descascar esse caroço

 

Artur Gomes

Balbúrdia PoÉtica

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Balbúrdia PoÉtica 7

Balburdiar : Eis O Verbo

Dia 23 – maio – 19:30h

Santa Paciência – Casa Criativa

Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos Goytacazes-RJ 

Performance Teatro.Poesia

com Artur  Gomes + Estefany Nogueira + Jonas Menezes + Paulo Victor Santanna 

Lançamento do livro

Itabapoana Pedra Pássaro Poema 

Roda de Conversa

com Artur Gomes + Tetê Peixoto + Fernando Rossi 

Poesia Ali Na Mesa 

com a poesia de

Adão Ventura + Ademir Assunção + Angel Cabeça + Armando Liguori Junior + Aroldo Pereira + Artur Gomes + Belchior + Caetano Veloso + Celso de Alencar + César Augusto de Carvalho + Clara Baccarin + Dalila Teles Veras + EuGênio Mallarmè + Federika Lispector + Federico Baudelaire + Ferreira Gullar + Gigi Mocidade + Irina Sefarina + Jorge Ventura + José Facury Heluy  + Jidduks + Jurema Barreto + Karlos Chapul + Lau Siqueira + Lira Auxiliadora Lima de Castro + Luis Turiba + Mário Faustino + Mário Quintana + Martinho Santafé + Marcelo Atahulpa + Mônica Braga + Nicolas Behr + Noélia Ribeiro + Oswald de Andrade + Paulo Leminski + Pastor de Andrade + Ricardo Vieira Lima + Rosana Chrispim + Rúbia Querubim + Sady Bianhcin + Sebastião Nunes + Sérgio de Castro Pinto + Simone Bacelar + Silvana Guimarães + Tanussi Cardoso +Torquato Neto +  Wélcio de Toledo + Yara Fers + Zhô Bertholini + Vivane Mosé

* 

Fulinaíma MultiProjetos

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Balbúrdia PoÉtica 7
Poesia Ali Na Mesa
Balburdiar : Eis O Verbo
Dia 23 – maio - 19:30
Santa Paciência Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81
Campos dos Goytacazes-RJ

balburdiar eis o verbo
ver pra crer
:
difícil de falar
ótimo de fazer

amor
balbúrdia gozosa
jorrando poesia
enquanto goza

*

fazer balbúrdia
jogo de cartas
sem baralho
:
dá prazer
mas dá trabalho

Artur Gomes
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Itabapoana Pedra Pássaro Poema

Link para compra

https://www.editoralitteralux.com.br/loja/itabapoana


Balbúrdia PoÉtica 7

Poesia Ali Na Mesa

23 de maio - 19:30h

na Santa Paciência - Casa Criativa

Rua Barão de Miracema, 81

Campos dos Goytacazes-RJ

choveu pedra em São Francisco do Itabapoana se de gelo ou granizo inda nem sei só depois da apuração da comissão de inquérito instaurada por alguns moradores da localidade  do Macuco saberei.

                       Federico Baudelaire

*

cada qual com sua Natureza , pode ser garoa ou correnteza , é o tempo comandando a sua Fortaleza

                                       Zhô Bertholini  

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 Balbúrdia PoÉtica

Poesia Ali Na Mesa

Edição Especial

À Memória de Renato Aquino

Performance Teatro.Poesia

Roda de Conversa – lançamento do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema

Dia 13 de maio – 21h

Auditório Reginaldo Rangel

IFF Instituto Federal Fluminense

Campus Centro – Rua Dr. Siqueira, 273 – Campos dos Goytacazes-RJ

 

tempo de poesia

para Renata Magliano

 

lancei o tempo

na agulha de uma fresta

ainda bêbado de ontem

bebo as 35 pausas

de uma mulher em chamas

que ainda não conheço

o tempo me dirá o endereço

como metáfora ou alquimia

e sendo drama ou festa

tempo de poesia

                  é o que nos resta

 

Artur Gomes

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Realização: Coletivo Macunaíma de Cultura, Kino3, Congresso Brasileiro De Poesia, e Fulinaíma MultiProjetos

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Artur Gomes : A Biografia De Um Poeta Absurdo

  Da Cacomanga para o mundo passando pela Tapera Ururaí Lagamar Ibitioca pulando feito pipoca para se equilibrar na corda bamba em terreiros...