subverter os signos
dos significados
na construção poética
é minha sina
me disse Irina Serafina
em Drummundana Itabirina
meu poema pós concreto
assassinei os alpharrábios
para inventar meu alphabeto
Artur Gomes
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EntreVistas
Fernando Andrade - A língua em seu livro de poesia novo, é lúdica, metafórica, difícil não imobilizá-la na página, parece que sai andando. Queria que você falasse de toda essa cinética, brincante.
Artur Gomes – a algum tempo percebi que poesia pode ser corpos em movimento palavras voando ao sabor do vento não apenas verso mas também muito prosa com a possibilidade de signi ficar outros signi ficados acho que percebi isso lá pelos idos dos anos de 1983 quando criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira fazendo exposições com todas as linguagens poéticas contemporâneas pós semana de arte de 1922.
Fernando Andrade - A cultura nossa você gosta de usá-la até criar efeito paródico sobre ela. Como você trabalha poeticamente, a cultura. Fale disso.
Artur Gomes - sim além da poesia trabalho com artes visuais música cinema teatro estando e estando em contato com essas outras linguagens tive que ir aos poucos mergulhando nesse caldeirão cultural que é o brasil e essa efervecência de uma certa forma é o que dinamiza a minha escrita buscando nela o cenário de que por muitas vezes aparece de forma bem explícita nas minhas narrativas em outras metaforicamente e claro tendo uma visão crítica sobre o que se passa não poderia deixar de satirizar ironizar sarcasticamente até de forma impiedosa as formas como que se sobrevive nesse país do futuro
Fernando Andrade - Você brinca de forma ágil com o modernismo brasileiro. A poesia tem essa possibilidade, transgressora de aglutinar/deglutir os movimentos.
Artur Gomes – em 1993 o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira completou 10 anos o grupo Livre-Espaço de Poesia de Santo André com todos os seus integrantes esteve presente em todas as 9 edições realizadas até então e também estava completando 10 anos de existência. uma das poetas integrantes de grupo: Dalila Teles Veras que em Santo André dirige o centro cultural e livraria Alpharrabio me convidou para fazer uma performance na comemoração dos seus primeiro aniversário. dessa minha ida a Santo André nasceu a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos que foi executado pelo Sesc-SP, na unidade de São Caetano, com atividades também no Alpharrabio em Santo André, no Colégio Impacto e no entreposto cultural Beco das Garrafas, amos também em Santo André. Depois desse projeto a pedido do saudoso Danilo Miranda, criei Os Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo Sesc em 1995 na unidade Consolação. para conceber esses dois projeto mergulhei na vida e obra dos dois ícones da pauliceia desvairada e da cultura brasileira e daí fui me entranhando cada vez mais nessa diversidade cultural pós 22.
Fernando Andrade - O gênero não é só o poema é também o masculino/feminino, a mão direita/a mão esquerda, a fome a evacuação. Esse dualismo vi muito no seu livro.
Artur Gomes – gosto de brincar ironizar todas essas questões de gêneros e daí foram surgindo os personagens Lady Gumes, Federika Bezerra, Federico Baudelaire, Gigi Mocidade, EuGênio Mallarmè, Pastor de Andrade, Rúbia Querubim, Irina Serafina, Artur Fulinaíma e Artur Kabrunco que estarão presentes no próximo livro: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim preparando a santa ceia para um banquete antropofágico. esses personagens são todos andróginos macho/fêmea masculino/feminino e desfilam na Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola d e Samba Oculta NO Inconsciente Coletivo e frequentam a Igreja Universal do Reino de Zeus. a relação entre eles é amorosa com a fome dos desejos de amor e ódio com aranhas com cada um tecendo a sua rede de intrigas.
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Balbúrdia PoÉtica 5
Dia 5 Abril – 2025 – 16h
Na Academia Campista de Letras
cidade veracidade
campos
189
transverso atravesso esta cidade
que me atravessa em seu silêncio
ouço o gemido dos teus ecos
por ruas avenidas e vielas
sinto saudade dos terreiros de jongo
nas favelas e as lavadeiras
das pinturas/aquarelas
em teus aceiros fiz meus trilhos
em cada trilha dos meus traços
no encontro ao ururau no cais da lapa
teu por do sol pode ser beijo
ou
também tapa
quando olho a catedral e seu contorno
seres famintos alimentando o desalento
me solto ao vento quando penso o infinito
beijo teu rio
o paraíba que me leva
em teu lamento
me concentro em minha reza
Artur Gomes
Poesia Afro Tupiniquim
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64
Não era de Vênus
a cor do sol do meio dia
Afro-dite
negras eram nuvens
acima o mar num céu de estanho
chumbo metal pesado
no couro cru da carne viva
ferrugem corroendo ossos
botas pontiagudas
patas de cavalos cuspindo coices
no calabouço do asfalto
esporas sangrando corpos
abrindo cadafalsos
na noite 31 de março
madrugada primeiro de Abril
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
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Juras secretas
em alta
voltagem
Por Krishnamurti Góes dos Anjos
Poeta maldito é termo utilizado para referir poetas que constroem uma obra
“rebelde” mesmo em face do que é aceito pela sociedade, considerada como meio
alienante e que aprisiona os indivíduos nas suas normas e regras. Rejeitam
explicitamente regras e cânones. Rejeição que se manifesta-se também,
geralmente, com a recusa em pertencer a qualquer ideologia instituída.
A desobediência, enquanto conceito moral exemplificado no mito de Antígona é
uma das características dos poetas malditos. Filiam-se a essa tradição nomes
(com as variantes óbvias de estilo e época) como os de Gregório de Mattos,
Augusto dos Anjos, Paulo Leminski, Álvares de Azevedo, Jorge Mautner, Waly
Salomão dentre outros, sem falar no trio mais conhecido mundialmente da
“parafernália” poética: Verlaine, Baudelaire e Rimbaud.
O ator, produtor, videomaker e agitador cultural que é Artur Gomes acaba de
lançar “Juras secretas”, reunião de 100 poemas a maior parte deles sobejando a
temática do amor visto na perspectiva de paixão avassaladora. Mas há também,
aqui e ali a presença, sempre em perspectiva ousada e radical, de poemas que
vão do doce e suave sentido do amor, ao cruel, do libidinoso, à poesia de cunho
social sempre expressando indignação, desobediência e transgressão. Com efeito
o homem é uma metralhadora giratória a espalhar e espelhar aquilo, que nos vai
por dentro e que guardamos em “segredo” de estado. Com a palavra o poeta:
Jura de número 34
porque te amo / e amor não tem pele / nome ou sobrenome / não adianta chamar /
que ele não vem / quando se quer / porque tem seus próprios códigos / e
segredos/mas não tenha medo / pode sangrar pode doer / e ferir fundo / mas é a
razão de estar no mundo / nem que seja por segundo / por um beijo mesmo breve /
por que te amo / no sol no sal no mar na neve
Jura 63
não sei se escrevo tanto / não sei se escrevo tenso / um fio elétrico suspenso
/ com tanta coisa no Ar / não sei se olho em teu olho / para encontrar a
entrada / da porta da tua casa / onde a palavra estiver / não sei se pinto um
Van Gogh / ou escrevo um Baudelaire
Jura 69
há muito tempo / não morro mais aqui / minha cidade é desbotada / há muito
perdeu o brilho / na minha voracidade o sol é claro / e a arte que preparo / é
o tiro que disparo / é a arma que engatilho.
Jura 70
meto meus dedos cínicos / no teu corpo em fossa / proclamando o que ainda possa
/ vir a ser surpresa / porque meu amor não tem essa / de cumer na mesa / é
caçador e caça mastigando na floresta / todo tesão que resta desta desta pátria
indefesa / ponho meus dedos cínicos / sobre tuas costas / vou lambendo bostas /
destas botas neo burguesas / porque meu amor não tem essa / de vir a ser
surpresa / é língua suja e grossa / visceral ilesa / pra lamber tudo que possa
/ vomitar na mesa / e me livrar da míngua / desta língua portuguesa.
Com efeito, forçoso concordar com Tanussi Cardoso, em Posfácio ao livro, que a
poesia de Artur Gomes é “uma poesia do livre desejo e do desejo livre. Nela,
não há espaço para o silêncio: é berro, uivo, canto e dor. Pulsão. Textura de
vida. Uma poesia que arde (em) seu rio de palavras”.
Artur Gomes
Juras Secretas
jura não secreta 19
fulinaimicamente ereto
eu nasci concreto
quero dizer que ainda arde
tua manhã em minha tarde
a tua noite no meu dia
tudo em nós que já foi feito
com prazer inda faria
quero dizer que ainda é cedo
inda tenho um samba-enredo
e tudo em nós é carnaval
é só vestir a fantasia
quero ser teu mestre-sala
e você porta/bandeira
quando chegar na quarta-feira
a gente inventa outra fulia
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Litteralux – 2018
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Dos anos 80 trago a amizade com dois grandes irmãos de Arte,
Genilson Soares e Oscar Wagner. Genilson um design gráfico da mais alta
sagaranagem, Oscar o meu fotógrafo carnavalhado. Esta arte/cartaz só existe por
eles existirem em minha vida. Não foram poucos os acontecimentos que aprontamos
em Campos dos Goytacazes. Quem ainda se lembra do Stúdio 52?
Artur Gomes
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uma quadrilha armada
tomou o país de assalto
jogou brazilha no asfalto
com o beijo da amante prostituta
enlamearam os 3 palácios
:
planalto alvorada jaburu
o desejo era lamber botas
da américa do norte
para que ela se apodere
da américa do sul
Artur Gomes
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Balbúrdia POÉTICA 5
1º de Abril – 2025 – 14 às 16h
No Stand da ACL
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
Deus não joga dados
mas a gente lança
sem nem mesmo saber
se alcança
o número que se quer
mas como me disse mallarmè
:
- vida não é lance de dedos
A vida é lança de dardos
Deus não arde no fogo
mas eu ardo
Artur Gomes
Poema do livro Pátria A(r)mada
Desconcertos Editora – 2022
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18/02/2025
PGR finalmente denuncia
os genocidas fascistas
da quadrilha bolsonarista
já podeis
da pátria, filho
ver demente
a mãe gentil
já raiou a liberdade
em cada cano de fuzil
salve lindo
fuzil que balança
entre as pernas
a(r)madas da paz
a gripezinha
era a certeza esperança
de um genocida
imbecil incapaz
pan(demônica)
passeio os pés descalços sobre covas rasas
contando ossos no poema exposto
no sujeito do objeto
tudo isso exposto nesse papo reto
segue o passo norte
não leio cartas de suicídio
nem decreto de hospício
na tentação que me conforte
quero matar o genocídio
pra não morrer antes da morte
Artur Gomes
do livro Pátria A(r)mada
Desconcertos Editora - 2022
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linda homenagem de Angel Cabeza à poeta Maria Tereza Horta
O mundo não precisa de nós, mas nós precisamos do humano.
Ontem, foi-se mais uma expoente, dessa vez a portuguesa Maria Teresa Horta, brava lutadora.
Combateu a ditadura com a maior e mais forte de todas as espadas, a poesia.
*
Morrer de amor
Morrer de amor
ao pé da tua boca
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Trocar tudo por ti
se for preciso
*
Arrebatada
Ninguém me castra a poesia
se debruça e me põe vendas
censura aquilo que escrevo
nem me assombra os poemas
Ninguém me apaga os versos
nem me amordaça as palavras
na invenção de voar
por entre o sonho e as letras
Ninguém me cala na sombra
deitando fogo aos meus livros
me ameaça no medo
ou me destrói e algema
Ninguém me aquieta a escrita
na criação de si mesma
nem assassina a musa
que dentro de mim se inventa
Ninguém me cala na sombra
deitando fogo aos meus livros
me ameaça no medo
ou me destrói e algema
Ninguém me aquieta a escrita
na criação de si mesma
nem assassina a musa
que dentro de mim se inventa
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O sax na voz da palavra dentro do poema
*
o impulso aqui não é pouco o espírito grita dentro do corpo deliro feito louco de tanta sede e fome como quem não vive em paz como quem não come há muitos séculos atrás
*
em armação de búzios
tenho um amor sagrado
guardado como jura secreta
que ainda não fiz para laís
em teus cabelos girassóis de estrelas
que de tanto vê-las o meu olho vela
e o que tanto diz onda do mar não leva
da areia da praia onde grafei teu nome
para matar a sede e muito mais a fome
entranhada na carne como flor de lotus
grudada na pele como tatuagem
flutuando ao vento como leve pluma
no salgado corpo do além mar afora
sargaço em tua boca espuma
onde vivem peixes - na cumplicidade
do que escrevo agora
*
concepção produção e direção
*
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
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ainda estamos aqui
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*